A liturgia dos monges beneditinos tem raízes profundas.
Os primeiros cristãos eram judeus convertidos e tinham a hábito de rezar. O
próprio Jesus rezava em sua casa, rezava os Salmos e ia à Sinagoga para escutar
a Escritura. Já os primeiros cristãos eram assíduos à oração. Nos primeiros
séculos rezavam de manhã à tarde e à noite. Vemos isso no livro do êxodo 29,
38-42. Eles tinham 2 sacríficios : um de manhã e outro à tarde. São os
antepassados de Laudes e Vésperas. No Novo Testamento, o grande mestre de
oração é São Lucas . Ele começa e termina seu Evangelho no Templo. No cap. 1,
8-23 Lucas descreve uma liturgia de oração durante a qual aparece o Anjo do
Senhor a Zacarias. E depois da Ascensão nos fala que os discípulos (cap 24,
52-53) permaneciam sempre no Templo louvando a Deus. Lucas no decorrer no do
seu Evangelho insiste sobre o tema da oração com expressões como estas: rezar sempre,
sem interrupção, em
todo momento, dia e noite… Também nos Atos dos Apóstolos vemos como os
batizados eram assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à união fraterna, à
fração do pão e às orações.
No decorrer
dos séculos esses momentos de oração foram se organizando. No século VI, São
Bento (+ 547) dedica 10 capítulos de sua Regra para falar da organização do
Oficio e 2 para tratar da teologia do Ofício. S. Bento distribuiu os 150 salmos
ao longo do ciclo de uma semana. Para cada Oficio colocou um número de Salmos.
Na Regra, ele cita os Padres do deserto: estes recitavam o Saltério num só dia
e os monges beneditinos o fazem ao longo de uma semana. O Ofício beneditino
exerceu uma grande influência no Ocidente até o séc XII.
Para São Bento
o Ofício é tão importante que nada se deve antepor à ele. Uma das condições
para aceitar o candidato no Mosteiro e mesmo alguém diante dos votos é se ele é
solicito para o Ofício Divino. Na Regra Beneditina tem todo um ritual muito bonito
sobre a maneira de se comportar durante o Ofício Divino. São os capítulos 19 e
20. Pode-se ver antes de tudo o sentido da presença de Deus. “Cremos
estar em toda a parte a presença divina…creiamos nisso principalmente e sem
dúvida alguma quando estamos presentes ao Ofício Divino.” (RB 19
,7). O monge deve ter uma participação ativa e consciente no Oficio Divino. “
e tal seja a nossa presença na salmodia que a nossa mente concorde coma nossa
voz.”
Os Salmos elevam a mente
Na Liturgia das Horas, a Igreja, para rezar, serve-se em grande parte
daqueles esplêndidos poemas que os autores sagrados do Antigo Testamento
compuseram sob inspiração do Espírito Santo. Em razão desta sua origem, os
salmos têm a virtude de elevar até Deus a mente das pessoas, despertar nelas
piedosos e santos afetos, ajudá-las maravilhosamente a agradecer na
prosperidade e dar-lhes, na adversidade, consolo e fortaleza de ânimo (IGLH,
100).*
Contudo, os salmos não encerram mais que uma sombra daquela plenitude
dos tempos que se revelou em Cristo, Nosso Senhor e da qual se alimenta a
oração da Igreja. Por isso, embora todos os fiéis cristãos estejam de acordo em
terem elevada estima aos salmos, não é de estranhar que surja, por vezes,
alguma dificuldade, quando alguém na oração procura fazer seus aqueles poemas
venerandos (IGLH, 101)
Salmo 1 - Os dois caminhos do homem
Felizes
aqueles que, pondo toda a sua esperança na Cruz, desceram até a água (Autor do
Século II)
1Feliz é todo aquele que não andar
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados,
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
2mas encontra seu prazer na lei de Deus
e a medita, dia e noite, sem cessar.
3Eis que ele é semelhante a uma árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo,
e jamais as suas folhas vão murchar.
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar,
4mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.
5Por isso os ímpios não resistem no juízo
nem os perversos, na assembléia dos fiéis.
6Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.
conforme os conselhos dos perversos;
que não entra no caminho dos malvados,
nem junto aos zombadores vai sentar-se;
2mas encontra seu prazer na lei de Deus
e a medita, dia e noite, sem cessar.
3Eis que ele é semelhante a uma árvore
que à beira da torrente está plantada;
ela sempre dá seus frutos a seu tempo,
e jamais as suas folhas vão murchar.
Eis que tudo o que ele faz vai prosperar,
4mas bem outra é a sorte dos perversos.
Ao contrário, são iguais à palha seca
espalhada e dispersada pelo vento.
5Por isso os ímpios não resistem no juízo
nem os perversos, na assembléia dos fiéis.
6Pois Deus vigia o caminho dos eleitos,
mas a estrada dos malvados leva à morte.
* IGLH: Introdução Geral da Liturgia das Horas
Fonte:
Mosteiro do Encontro
Saltério Litúrgico
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