A primeira santa brasileira da nossa época que passará a ser chamada "Santa Dulce dos Pobres" a partir do dia 13 de outubro, em sua canonização.
Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia – Primaz do Brasil
No primeiro dia deste mês, segunda-feira passada, coube-me anunciar, em
Salvador, a canonização de Irmã Dulce. A alegria tomou conta de todos os que se
encontravam no Santuário onde está o corpo do “Anjo Bom da Bahia”. Os momentos
seguintes foram de entrevistas, orações e cantos festivos, porque é de
Salvador, é da Bahia aquela que, a partir de 13 de outubro de 2019, passará a ser chamada de “Santa Dulce dos Pobres” – primeira
santa brasileira da nossa época. A repercussão da notícia em todo o país
mostrou-nos que “nossa” Irmã Dulce há muito conquistou o coração dos
brasileiros.
Estamos acostumados a celebrar a festa de santos e santas de diferentes
e distantes países, de diversas épocas. Agora, estamos diante de alguém que
viveu nesta cidade e que deixou marcas profundas no coração de quem a conheceu.
O testemunho de Irmã Dulce confirma o que o apóstolo Paulo ensinou: “O amor
jamais acabará” (1Cor 13,8). As vaidades acabarão, os elogios passarão, as
medalhas de mérito enferrujarão. Assim, se Irmã Dulce tivesse feito de sua vida
uma procura incessante de títulos honoríficos, de louvores da sociedade e de
aplausos fáceis dos que a cercavam, quem hoje estaria falando dela?
Irmã Dulce nos aponta um caminho: o da santidade. Ela se une a uma
multidão de santos e santas que, com a sua fé e caridade, se tornaram faróis
para o mundo, pois manifestaram a presença poderosa do Ressuscitado em suas
vidas; deixaram que Cristo se apoderasse tão completamente delas que puderam
afirmar com São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl
2, 20). Seguir o seu exemplo, recorrer à sua intercessão e entrar em comunhão
com eles, une-nos a Cristo.
Mas, o que é a santidade? Ela não consiste na realização de obras
extraordinárias, mas em viver o Evangelho e fazer nossas as atitudes, os
pensamentos e os comportamentos de Jesus Cristo. Todo batizado é chamado a ser
santo: “Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos” (Ef
1, 4). Assim, não importa o tipo de vida que uma pessoa leva, nem sua missão ou
profissão: ela é chamada a seguir Jesus Cristo, para um dia participar de sua
glória. Mas, estejamos atentos: a santidade é obra de Deus, não nossa.
A vida de Irmã
Dulce é uma confirmação de que a santidade nada mais é do que a caridade
plenamente vivida: “Deus é amor; quem permanece no amor permanece em Deus e Deus
nele” (1Jo 4, 16). Porque ela procurou amar a Deus sobre todas as coisas, e ao
próximo como a si mesma, sua vida passou a brilhar como a aurora, iluminando
vida de muitos. A canonização de Irmã Dulce dos Pobres será uma excelente
oportunidade para refletirmos sobre a mais importante lição que ela nos deixou:
“O amor jamais acabará”.
Fonte: Vatican News
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