Não temos a pretensão de possuir a verdade, mas de sermos possuídos por ela
Uma das notas mais
características do Cristianismo é o fato de ser ele uma religião revelada, quer
dizer, seu fundamento não se encontra simplesmente na busca pelo homem de uma
relação com um ser que o transcenda, mas numa iniciativa do próprio Criador,
que, em sua sabedoria e bondade, veio ao encontro do homem, revelando-se e
comunicando-se a Si mesmo. É Deus, portanto, que em Cristo nos mostra
plenamente qual o caminho para chegarmos a Ele. Jesus Cristo, o Verbo de Deus
Encarnado, é o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vai ao Pai, senão por
Ele.
Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com
Nós cristãos não criamos uma religião à nossa medida, ao nosso gosto, mas de Deus mesmo recebemos o modo de nos unirmos a Ele. Talvez, se a tivéssemos criado, não teríamos “escolhido” uma redenção por meio da cruz, tampouco tantas verdades incômodas segundo os nossos padrões. Sim, como afirmou o escritor britânico C. S. Lewis, “se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o Cristianismo”.
Nós, os cristãos, abraçamos a fé
em Cristo e tudo o que essa fé implica, não porque ela nos seja conveniente,
mas porque acreditamos estar diante da Verdade. Mesmo sendo uma Verdade
“incômoda”, com São Pedro somos levados a confessar: “A quem iríamos, Senhor?
Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus!”.
Não temos a pretensão de possuir a Verdade, mas de sermos possuídos por ela:
Jesus Cristo é a Verdade!
A disposição em ser fiel
Assim como o Senhor, que ensinou
com Sua vida e palavras, não agradou a todos Seus ouvintes, a Igreja, que não é
maior do que seu Senhor nem pretende nada mais do que continuar Sua missão
salvadora no mundo, encontrará resistência por parte dos seus contemporâneos:
“Quem participa na missão de Cristo deve inevitavelmente enfrentar tribulações,
contrastes e sofrimentos, porque entra em conflito com as resistências e os poderes
deste mundo” (Bento XVI).
Se quisermos ser fiéis, devemos
estar dispostos a ser autênticos mártires, para comunicarmos essa Verdade que
nos foi confiada, para que a transmitíssemos integralmente, sem recortes que a
tornem mais “palatáveis”, tal como a recebemos do Senhor.
Afirmar os valores que o Senhor
nos legou, tais como a indissolubilidade do matrimônio, a dignidade da vida
humana em todos os seus estágios, a incomparabilidade entre a união matrimonial
de um homem e uma mulher com qualquer outra união, e tantos outros, faz-nos
chocar diretamente com a cultura dominante, que faz do relativismo o próprio
credo, e não reconhece nada como definitivo, deixando como última medida apenas
o próprio eu e suas vontades, como afirmava o, então, Cardeal Joseph Ratzinger.
Expostos ao martírio da ridicularização
Ainda que muitos de nós não sejamos
chamados ao martírio cruento, ao derramamento de nosso sangue, como acontece
com milhares de irmãos nossos atualmente assassinados por sua fidelidade ao
Evangelho, estamos todos, sem dúvida, expostos ao martírio da ridicularização,
da humilhação, das calúnias e outros tipos de perseguições, mais ou menos
veladas por uma espécie de bom-mocismo politicamente correto, que pretende
desmoralizar a Igreja de Cristo, uma das poucas vozes que ousam levantar-se
para enfrentar uma cultura, que, ao abandonar a Deus do seu seio, terminou por
esquecer a dignidade do próprio homem.
As palavras de São Paulo não são
opcionais para nós, mas antes um dever: “Prega a palavra, insiste oportuna e
importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir.
Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação.
Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão
mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (II
Tim 4,2).
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