Os primeiros cristãos, pelo menos desde o século II, já tinham a consciência do chamado de Deus à santidade e da necessidade de serem instrumentos da boa obra de Deus neste mundo
Certa vez, um amigo me perguntou quantos seriam os santos da Igreja. Explicando-lhe um pouco sobre a dificuldade em se precisar o número (cf. Quantos santos católicos existem?, publicado no Aleteia por Philip Kosloski, em 25/07/19), disse-lhe que há fontes que falam em mais de 20.000 canonizados, informação que lhe causou um espanto em uma interpelação: “Nossa, mas é santo demais”. Ao que respondi: “Engano, são santos de menos; pois todo cristão deveria ser um indivíduo reconhecidamente santo”.
Sim, quando falamos de santidade, o documento do Magistério da Igreja que talvez nos traga maior luz e reflexão seja a Constituição Dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II. Em seu capítulo V discute-se o chamado universal à santidade. Escreve o documento: “Todos os fiéis de Cristo, de qualquer categoria ou status, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”. E completa ainda: “eles devem seguir os Seus passos [de Cristo] e conformar-se à Sua imagem, buscando a vontade do Pai em todas as coisas. Eles devem se dedicar com todo o seu ser à glória de Deus e ao serviço do próximo”.
Chamado universal à santidade
Causa-nos estranheza que, mesmo após mais de 50 anos dessa declaração dogmática, ainda paire sobre o imaginário católico o entendimento de que a santidade é reservada para alguns poucos “eleitos” e que os fiéis que vivem sua cotidianidade não têm condições de serem santos. Isso nunca foi verdade na história da Igreja, e, vista a necessidade moderna de termos mais e mais santos, a Igreja vem reafirmado a cada dia o chamado universal à santidade. Basta lembrarmos das palavras de São Josemaria Escrivá que diz: “Santificar o trabalho próprio não é uma quimera, mas missão de todo o cristão”. A questão que pode nos vir é: por que a necessidade de mais e mais santos? A primeira resposta a ser dada é porque esse foi o pedido do próprio Senhor Jesus quando nos diz: “Sê, pois, perfeito, como também o teu Pai celestial é perfeito” (Mt 5,42). O cristão é chamado pelo seu Senhor a unir-se, na Caridade, cada dia mais a Ele para que, pela graça santificante, haja uma transformação do seu ser e este seja um instrumento da boa obra do Pai neste mundo, transformando-o num antegozo da vida plena que terão os santos no Céu.
Os primeiros cristãos, pelo menos desde o século II, já tinham a consciência do chamado de Deus à santidade e da necessidade de serem instrumentos da boa obra de Deus neste mundo. Um documento dessa época, intitulada Carta a Diogneto, afirma que “o que a alma é para o corpo, isso são os cristãos para o mundo”, ressaltando que os cristão estão em “permanente conflito com o mundo”, pois sabem que seus valores evangélicos são incompatíveis com o que o mundo pagão prega. Então, devem se santificar e transformar o mundo.
Resposta para as mazelas da humanidade
Nesse contexto, vem-nos a segunda resposta para a pergunta do por que há necessidade de mais santos. O escritor e filósofo G. K. Chesterton vai nos dizer que “o santo é um remédio por ser um antídoto”. E completa: “De fato, isso explica por que tantos deles tenham sido mártires”. O santo com seu testemunho e ensinamento é resposta para as dificuldades, as dúvidas e as mazelas da humanidade. Ele consegue atualizar, com a linguagem própria de cada tempo, os valores eternos ensinados por Nosso Senhor Jesus, dando luz às dificuldades que surgem no caminhar da história. Quando tínhamos o ensinamento dogmático da Igreja atacado pela heresia cátara, surgiu-nos São Domingos a combater essa heresia; quando tínhamos a visão de natureza paganizada e panteísta, veio a nós São Francisco de Assis mostrando o verdadeiro sentido evangélico da valorização da obra criada; e nessa linha poderíamos tecer inúmeros parágrafos.
Diante do mundo moderno onde a fé é atacada de inúmeras formas, seja por meio de um neopaganismo, seja pela mercantilização do aborto, os cristãos devem responder ao chamado de Deus para ser santos em sua condição de vida, a fim de que assim sejam antídoto para as mazelas da sociedade moderna. Deste modo, podemos caminhar e atuar com o objetivo de chegar ao que Cristo quer: uma Igreja não composta de alguns membros santos, mas, sim, composta por todos os seus membros santos, respondendo com a luz da fé aos desafios que lhe são colocados.
Fonte: Aleteia
Certa vez, um amigo me perguntou quantos seriam os santos da Igreja. Explicando-lhe um pouco sobre a dificuldade em se precisar o número (cf. Quantos santos católicos existem?, publicado no Aleteia por Philip Kosloski, em 25/07/19), disse-lhe que há fontes que falam em mais de 20.000 canonizados, informação que lhe causou um espanto em uma interpelação: “Nossa, mas é santo demais”. Ao que respondi: “Engano, são santos de menos; pois todo cristão deveria ser um indivíduo reconhecidamente santo”.
Sim, quando falamos de santidade, o documento do Magistério da Igreja que talvez nos traga maior luz e reflexão seja a Constituição Dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II. Em seu capítulo V discute-se o chamado universal à santidade. Escreve o documento: “Todos os fiéis de Cristo, de qualquer categoria ou status, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”. E completa ainda: “eles devem seguir os Seus passos [de Cristo] e conformar-se à Sua imagem, buscando a vontade do Pai em todas as coisas. Eles devem se dedicar com todo o seu ser à glória de Deus e ao serviço do próximo”.
Chamado universal à santidade
Causa-nos estranheza que, mesmo após mais de 50 anos dessa declaração dogmática, ainda paire sobre o imaginário católico o entendimento de que a santidade é reservada para alguns poucos “eleitos” e que os fiéis que vivem sua cotidianidade não têm condições de serem santos. Isso nunca foi verdade na história da Igreja, e, vista a necessidade moderna de termos mais e mais santos, a Igreja vem reafirmado a cada dia o chamado universal à santidade. Basta lembrarmos das palavras de São Josemaria Escrivá que diz: “Santificar o trabalho próprio não é uma quimera, mas missão de todo o cristão”. A questão que pode nos vir é: por que a necessidade de mais e mais santos? A primeira resposta a ser dada é porque esse foi o pedido do próprio Senhor Jesus quando nos diz: “Sê, pois, perfeito, como também o teu Pai celestial é perfeito” (Mt 5,42). O cristão é chamado pelo seu Senhor a unir-se, na Caridade, cada dia mais a Ele para que, pela graça santificante, haja uma transformação do seu ser e este seja um instrumento da boa obra do Pai neste mundo, transformando-o num antegozo da vida plena que terão os santos no Céu.
Os primeiros cristãos, pelo menos desde o século II, já tinham a consciência do chamado de Deus à santidade e da necessidade de serem instrumentos da boa obra de Deus neste mundo. Um documento dessa época, intitulada Carta a Diogneto, afirma que “o que a alma é para o corpo, isso são os cristãos para o mundo”, ressaltando que os cristão estão em “permanente conflito com o mundo”, pois sabem que seus valores evangélicos são incompatíveis com o que o mundo pagão prega. Então, devem se santificar e transformar o mundo.
Resposta para as mazelas da humanidade
Nesse contexto, vem-nos a segunda resposta para a pergunta do por que há necessidade de mais santos. O escritor e filósofo G. K. Chesterton vai nos dizer que “o santo é um remédio por ser um antídoto”. E completa: “De fato, isso explica por que tantos deles tenham sido mártires”. O santo com seu testemunho e ensinamento é resposta para as dificuldades, as dúvidas e as mazelas da humanidade. Ele consegue atualizar, com a linguagem própria de cada tempo, os valores eternos ensinados por Nosso Senhor Jesus, dando luz às dificuldades que surgem no caminhar da história. Quando tínhamos o ensinamento dogmático da Igreja atacado pela heresia cátara, surgiu-nos São Domingos a combater essa heresia; quando tínhamos a visão de natureza paganizada e panteísta, veio a nós São Francisco de Assis mostrando o verdadeiro sentido evangélico da valorização da obra criada; e nessa linha poderíamos tecer inúmeros parágrafos.
Diante do mundo moderno onde a fé é atacada de inúmeras formas, seja por meio de um neopaganismo, seja pela mercantilização do aborto, os cristãos devem responder ao chamado de Deus para ser santos em sua condição de vida, a fim de que assim sejam antídoto para as mazelas da sociedade moderna. Deste modo, podemos caminhar e atuar com o objetivo de chegar ao que Cristo quer: uma Igreja não composta de alguns membros santos, mas, sim, composta por todos os seus membros santos, respondendo com a luz da fé aos desafios que lhe são colocados.
Fonte: Aleteia
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