A família é, antes de tudo, uma instituição genuinamente humana. Vejam, por exemplo, que enquanto um bezerro recém nascido aprende sozinho a andar e comer, um bebê humano, por outro lado, necessita da presença de adultos por quase 15 anos para, finalmente, conseguir enfrentar as dificuldades do mundo. Isso demonstra que, para florescer, a natureza humana requer um ambiente seguro e estável, que só pode ser encontrado no vínculo do matrimônio, ou seja, na presença do pai e da mãe, como demonstram inúmeros estudos científicos.
No tempo das cavernas, a mulher tinha a missão de cuidar das crianças, ao passo que o homem protegia o lar dos ataques de outras tribos ou animais selvagens. Essa divisão de papéis é justificada pelo corpo da mulher, que é mais acolhedor e aconchegante para a criança, e pelo corpo do homem, que é mais forte e robusto. Vemos, então, que é a própria biologia que supõe uma subordinação da família ao homem, uma vez que é ele o defensor da família. Para sobreviverem, mãe e filhos tinham de obedecer às orientações do pai. Mais tarde, os filhos homens deveriam quebrar o vínculo com a mãe para aprenderem dos pais as técnicas de caça e defesa. Eles aprendiam a ser líderes com seus pais.
Em geral, o cérebro da mulher é organizado para lidar com emoções: o seu poder está na fala, no convencimento, na acolhida. O homem, por outro lado, consegue lidar melhor com coisas práticas, com questões estratégicas. Por isso, se o menino quiser tornar-se um homem, ele precisa separar-se da mãe para conviver com o pai.
O homem precisa fazer esforço para ser homem. Você nunca verá uma mulher dizer para sua amiga: “Seja mulher”, como os homens normalmente dizem uns aos outros: “Seja homem”. Embora haja um substrato biológico — os níveis de testosterona, o temperamento mais agressivo, a baixa inteligência emocional —, o menino precisa de um exemplo de virilidade para estruturar a sua masculinidade. Isso não significa, como supõe a ideologia de gênero, que a masculinidade seja uma construção social, mas que ela depende de uma interação entre corpo e vontade, entre instinto e razão.
O pai deve, portanto, ser o líder da família e esse direito só deve ser exercido por uma doação heroica. O homem precisa derramar seu sangue se quiser ter autoridade sobre sua esposa e filhos. Se o poder não é vivido como doação, ele se torna uma tirania. É aqui que entramos, então, na parte espiritual.
O homem foi marcado pelo pecado original, de modo que sua natureza está corrompida. Notem que a primeira coisa que a serpente fez foi destruir a família, colocando inimizade entre o homem e a mulher. Eles se acusam um ao outro. Por causa do pecado, o homem pode usar sua força física e econômica para oprimir sua família. Daí a necessidade do cristianismo para corrigir o comportamento humano.
Em sua Carta aos Efésios, São Paulo fala da necessidade de os maridos derramarem seu sangue pelas suas esposas. Uma mulher que se sente amada por seu marido não tem dificuldade nenhuma em lhe obedecer. Eles se tornam uma só carne, um sacramento da Igreja.
Para viverem esse sacrifício, os homens necessitam de exemplos de paternidade. Esses exemplos podem ser encontrados nos grandes santos da Igreja, que, com grande virilidade, salvaram a alma de suas famílias.
Quando chegou a Ars, por exemplo, São João Maria Vianney encontrou uma paróquia completamente arrasada pelo pecado. Mas, em vez de se acomodar, o santo sacrificou-se pelos seus fiéis — dormiu no chão, fez jejuns, flagelou-se — até conseguir tornar sua paróquia um modelo de santidade. Além disso, ele não teve medo de enfrentar oposição, indispondo-se com muitos dos paroquianos que queriam continuar a viver uma vida devassa.
De igual modo, os pais precisam ser essa presença de Deus para seus filhos. Um pai precisa lhes dar de comer, levando-os sobretudo à mesa eucarística, governando-os através de paternos conselhos, como diria Santo Tomás de Aquino.
Os pais precisam estar preparados, também, para viver a solidão por causa de sua missão. Apesar de a figura da mãe ser mais atrativa, porque a mãe é a “cúmplice”, por assim dizer, e tem sempre o filho ao seu lado, o pai, por outro lado, “habita em luz inacessível”; ele é a lei, aquele que precisa dizer “não”.
Muitos pais, contudo, querem ser “mães de barba”. Os pais querem imitar a cumplicidade das mães, seguir o modelo feminino. Mas a paternidade é a identidade mais profunda de um homem. É claro que o pai deve brincar com seus filhos, manifestar-lhes alegria e afeto. Mas é também o pai o primeiro responsável pela salvação de sua família, o que requer uma disposição para a cruz. O pai que não se sacrifica por sua família põe em risco tanto a salvação dos filhos e da esposa quanto a sua própria.
Pais, sejam homens!
Fonte: Pe. Paulo Ricardo
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