Deus também está na calmaria?
Na passagem da
tempestade acalmada, os discípulos ficam “maravilhados”, “surpresos” ou
“espantados” porque reconhecem a divindade de Jesus quando este demonstra a sua
autoridade sobre a natureza.
Ora, em outras das
inúmeras viagens relatadas pelas Escrituras em que o Colégio Apostólico fez
junto com o seu Mestre de barco (cf. Mc 1,2-20; Jo 6,1), o mar ficou calmo, não
teve ventos fortes nem tempestades. Em nenhum destes casos, constata-se um
reconhecimento da divindade de Jesus. Os discípulos não ficaram “maravilhados”
porque passaram para a outra margem do mar sãos e salvos, sem maiores
dificuldades.
A pergunta é: o Senhor
agiu também naquelas ocasiões? Foram também aquelas viagens tranquilas e sem
problemas uma manifestação do cuidado de Deus? Definitivamente, sim.
Deus sempre está conosco
(cf. Mt 28,20; Js 1,9), Ele nos conduz para as águas tranquilas (cf. Sl 23
(22),2), cuida de nós e nunca nos deixa (cf. Dt 31,8).
Não apenas nas
tempestades da vida, mas também na brisa leve Deus se manifesta (cf. 1 Rs
19,12).
Quem procuramos, de fato?
Contudo, aparentemente,
nós apenas reconhecemos a ação de Deus quando estamos na tempestade e Ele
intervém. Caso contrário, mal O consideramos em nossos dias. Quando estamos com
problemas, em meio a um discernimento, quando estamos com a saúde debilitada ou
alguém próximo a nós padece, é então que pedimos, suplicamos, nos ajoelhamos e
investimos tempo na oração e nas diversas práticas de piedade.
Porém, quando estamos
“bem”, não rezamos (e se o fazemos, não o fazemos com tanto afinco); esquecemos
da confissão e da missa; não lembramos que Jesus eucarístico espera por nós na
capela para ser adorado. Este comportamento deixa em evidência a nossa
indiferença Àquele que tanto nos ama.
Ainda procuramos “os
milagres de Deus” e não “o Deus dos milagres”.
Não espere a tribulação: reconheça o Amor no
ordinário da vida
Parece que nós
precisamos de uma tempestade para gritar: “Senhor, salva-nos! Estamos
perecendo!”, sem perceber que a indiferença para com Deus é uma pior morte do
que qualquer tribulação e tempestade que possa nos ameaçar.
Se você está
atravessando o mar e surge uma grande tempestade, não tenha medo! Confie em
Deus! Ele tem poder sobre tudo! Ele está contigo!
Se você está
atravessando o mar com aparente calma, louve! Dê graças! E não se esqueça
dAquele que está batendo à porta (cf. Ap 3,20), sempre querendo entrar mais na
sua vida.
Não
tenha medo de, como discípulo, caminhar em todas as circunstâncias ao lado do
Mestre.
Fonte: Com. Shalom
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