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Matrimônio: sinal do Amor Divino no mundo


"O autêntico amor conjugal é assumido no amor Divino."

  Parece que muitas pessoas pensam que santo é alguém que tem tudo ordenado, então almejamos a isso. Mas a única maneira de alcançar isso é enterrando todas as nossas fragilidades e fingindo que elas não estão lá. O Papa Bento XVI esclareceu bem isso quando insistiu que "os santos não 'caíram do céu'. Eles são pessoas como nós, que também têm problemas complicados." Que alívio! Ele continua:

"A santidade não consiste em nunca ter errado ou pecado. A santidade cresce na capacidade de conversão, de arrependimento, de disponibilidade para recomeçar, e sobretudo na capacidade de reconciliação e de perdão (...) consequentemente, não é o fato de nunca ter errado que nos torna santos (...). Todos nós podemos aprender este caminho de santidade."

  O verdadeiro amor, entretanto, não tem medo das "verrugas" da outra pessoa. De fato, a "medida de tal amor aparece mais claramente", diz São João Paulo II, "no momento em que o seu objeto comete um erro, quando vêm à luz das suas fraquezas, e até os seus pecados. O homem que ama verdadeiramente não só não lhe nega o seu amor, mas pelo contrário, ama-o ainda mais, embora tendo consciência dos seus defeitos e das suas faltas(...), porque a pessoa em si nunca perde o valor essencial de pessoa." 

  Sem a confiança na graça e na misericórdia de Deus, aquelas mesmas limitações, fraquezas e pecados nos inclinam fortemente para um "amor" que é crivado com interesse e egoísmo. Então, nós devemos constantemente nos desafiar a distinguir o amor verdadeiro de suas diversas distorções e falsificações, medindo tudo o que nós chamamos de "amor" com a medida do amor de Cristo. 
Como Cristo ama? Primeiro, Ele se dá livremente. Segundo, Ele se dá totalmente: sem reservas, condições ou cálculos egoístas. Terceiro, ele se dá fielmente e quarto, Ele se dá de forma fecunda. Se o homem e a mulher quiserem falar a verdadeira linguagem de seus corpos, devem aprender continuamente e cada vez mais profundamente a se abrirem ao amor de Cristo, deixando que Ele gere frutos neles, de tal modo que possam, por sua vez, partilhar esse mesmo amor livre, total, fiel e fecundo um com o outro. O compromisso de amar deste modo tem um nome: é chamado matrimônio. Isto, de fato, é precisamente o que a noiva e o noivo se comprometem a fazer no altar. 

  O que estamos fazendo com nossos corpos é uma imagem verdadeira do amor livre, total, fiel e fecundo de Deus, ou estamos errando o alvo? Se estamos errando o alvo, a solução é ajustar o alvo ou ajustar a nossa pontaria? 

  Essa aprendizagem paciente progride na medida em que permanecemos abertos ao dom de seu amor derramado em nossos corações. "O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5). Uma vida de profunda oração e frequente recepção dos sacramentos é o que nos abre ao dom do Divino amor, como uma esposa abrindo-se ao dom de seu esposo. Ao receber continuamente tão grande dom, nós nos tornamos capazes de compartilhar aquele amor com os outros de formas cada vez mais profundas. Este é o único contexto no qual nós podemos compreender adequadamente a autêntica visão cristã acerca da sexualidade. 

"Cada homem e cada mulher se realiza plenamente através do dom sincero de si. Para os esposos, o momento da união conjugal constitui uma expressão muito particular disso." São João Paulo II 

O que é a espiritualidade conjugal? É viver a vida de casado de acordo com a inspiração de Deus. Ela envolve a abertura dos esposos ao poder de habitação do Espírito Santo e o permitir que Ele os guie em todas as suas escolhas e comportamentos. São João Paulo II diz que a própria união sexual - com todas as suas alegrias emocionais e prazeres físicos - é destinada a ser uma expressão da "vida segundo o Espírito". Quando os esposos estão abertos ao dom, o Espírito Santo os infunde "com tudo o que é nobre e belo", com "o valor supremo que é o amor". Mas quando os esposos se fecham ao Espírito santo, a união sexual rapidamente se degenera em um ato de mútua exploração. 

  Os cônjuges "devem implorar a Deus por tal 'força' essencial r todo o 'auxílio divino com a oração (...), devem vencer 'com perseverança humilde' as próprias faltas e os próprios pecados no sacramento da penitência. Estes são os meios - infalíveis e indispensáveis - para formar a espiritualidade cristã na vida conjugal e familiar. Tudo isso, é claro, pressupõe a fé, aquela abertura do coração humano ao dom do Espírito Santo. Se os esposos não estão vivendo uma autêntica espiritualidade - em outras palavras, se os seus corações não estão abertos ao poder transformador do Espírito Santo - eles tenderão a ver o ensinamento desfavorável à contracepção como uma regra opressora imposta por uma Igreja opressora.      
  Por outro lado, os esposos que se envolvem em seu abraço conjugal como uma expressão da vida segundo o Espírito Santo reconhecem o ensinamento da Igreja como o caminho para o amor e a liberdade pelos quais anseiam. Por sua vez, eles estão repletos de uma profunda reverência por aquilo que vem de Deus, aquilo que molda a sua espiritualidade "a fim de proteger a particular dignidade do ato sexual". Tais esposos compreendem que a sua união é destinada a significar e participar no amor criador e redentor de Deus. Em outras palavras, compreendem a teologia de seus corpos. E o fato de estarem cheios de uma profunda "veneração pelos valores essenciais da união conjugal" os salva de "violar ou degradar o que traz em si o sinal do mistério divino da criação. 

  Chegar ao ponto de abraçar livre e alegremente o plano divino para o amor sexual pode ser uma longa jornada, é claro. Como afirma o Papa Francisco: "Para se chegar a um estado de maturidade, isto é, para que as pessoas sejam capazes de decisões verdadeiramente livres e responsáveis, é preciso dar tempo ao tempo, com uma paciência imensa." Mas essa visão da espiritualidade conjugal pode tornar-se uma realidade viva na vida de um casal à medida que ele permite que a graça entre nos recessos mais profundos de seus corações. 



Fonte: Teologia do Corpo, São João Paulo II



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