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Mostrando postagens de setembro, 2020

Da Obediência e Submissão

Grande coisa é viver em obediência, sujeito a um superior, e não ter vontade própria. Muito mais seguro é obedecer que mandar. Muitos estão em obediência mais por necessidade que por amor, os quais têm fadiga e facilmente murmuram e nunca terão liberdade de ânimo enquanto não se submeterem a Deus de todo coração. Por mais que ande de uma parte para a outra, não achará descanso senão na humilde submissão a um superior. A imaginação de que mudando de lugar se melhora a muitos tem enganado. Verdade é que a cada um agrada seu próprio parecer e de bom grado se inclinam para os que pensam como ele. Mas, se Deus está entre nós, é necessário que deixemos algumas vezes nosso parecer, pelo bem da paz. Quem é tão sábio que tudo saiba? Não confie demasiadamente em seu próprio parecer; ouve antes de boa mente o sentir dos outros. Se o seu parecer for bom e o deixar por amor a Deus para seguir o alheio, terá nisto mais merecimento. Muitas vezes ouvi dizer que é mais seguro ouvir e tomar conselho que

Existe verdadeira liberdade para aqueles que obedecem?

A palavra liberdade, como tantas outras, pode ser usada no sentido próprio ou no sentido analógico. No primeiro, liberdade é estar livre, não estar acorrentado, enjaulado, amarrado por correntes. Já no sentido derivado (analógico), a palavra é utilizada para designar o que tecnicamente se chama de livre arbítrio, que é a escolha que cada pessoa tem diante dos fatos da vida. Ao confundir os dois sentidos o que acontece é busca por uma falsa liberdade. Quando o livre arbítrio é utilizado para desobedecer a Deus, no ato de desobediência o homem se torna escravo do pecado. Foi o que aconteceu com Adão e Eva que, ao comerem do fruto proibido, tornaram-se escravos do demônio e do pecado. A humanidade assim permaneceu até que Jesus encarnou-se. Com seu poder, Ele libertou a humanidade dos grilhões do pecado. O pecado vicia, escraviza. Esta é uma verdade que pode ser constatada pelo simples olhar para dentro de si mesmo. Já a obediência liberta. Eva ouviu um anjo mau no Paraíso desobedec

O que podemos aprender com São Bento sobre a obediência?

O primeiro grau da humildade é a obediência sem demora  É peculiar àqueles que estimam nada haver mais caro que o Cristo; por causa do santo serviço que professaram, por causa do medo do inferno ou por causa da glória da vida eterna, desconhecem o que seja demorar na execução de alguma coisa logo que ordenada pelo superior, como sendo por Deus ordenada.  Deles diz o Senhor: “Logo ao ouvir-me, obedeceu-me”. E do mesmo modo diz aos doutores: “Quem vos ouve, a mim ouve”. Pois são esses mesmos que, deixando imediatamente as coisas que lhes dizem respeito e abandonando a própria vontade, desocupando logo as mãos e deixando inacabado o que faziam, seguem com seus atos, tendo os passos já dispostos para a obediência, a voz de quem ordena.  E, como que num só momento, ambas as coisas – a ordem recém-dada do mestre e a perfeita obediência do discípulo – são realizadas simultânea e rapidamente, na prontidão do temor de Deus.  Apodera-se deles o desejo de caminhar para a vida eterna; por isso,

Felizes os pobres de coração!

Ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus faz seu retrato. Quando nos convida a tornar-nos " pobres em espírito". Ele, o primeiro, é pobre: em sua aparência, no seu estilo de vida, na sua forma de tratar os pequenos, e também os grandes deste mundo, mostra simplicidade, sem excluir nobreza. Ele não se envergonha de nada. Sua pobreza é liberdade. Ele está adaptado, na simplicidade e na justeza de seu coração, ao "reino dos céus". Neste reino, Ele é “o Filho'' que tudo recebe do Pai. Essa é a felicidade que habita seu '' coração ''. Uma das três grandes tentações que o demônio fez a Jesus no deserto foi a de possuir bens materiais. O demônio mostrou a Jesus todos os territórios da terra e disse: “tudo isto te darei, se prostrado me adorares”. O demônio sabe que todo ser humano tem uma grande inclinação à posse dos bens materiais. E para possui-los, é capaz de roubar, furtar, enganar, corromper-se e corromper. Para vencer essa tendência enganosa d

Maria e o seu pobre coração

  No Sermão da Montanha, quando o Senhor Jesus fala do “coração de pobre” (Mt 5, 3), não está necessariamente focado na condição financeira daqueles que não tem riquezas materiais. Para saber o que significa ter um “coração de pobre”, pensemos na vida de Nossa Senhora. Com certeza, a Virgem Maria tinha um “coração pobre”, como tinha também, uma “condição pobre”. Quando a Sagrada família foi apresentar Jesus no templo de Jerusalém, não diz que eles ofereceram um cordeiro, mas assim encontramos no Evangelho de Lucas: “levaram-no a Jerusalém o apresentar ao Senhor […] e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2, 24). Esta era a oferta dos pobres, o mínimo que se podia oferecer no Templo. O Evangelho não diz, mas, com certeza, quando Maria e José tiveram que fugir com Jesus para o Egito, passaram por muitas dificuldades: alimentação, vestuário, higiene e alojamento. Quantas carências de bens e serviços? Literalmente, eles foram ex

Precisamos nos contagiar da Santidade de São Padre Pio

Neste dia 23 de setembro, a Igreja recorda a vida e missão de São Pio de Pietrelcina, falecido no ano de 1968, aos 81 anos. O Papa João Paulo II, ao proclamá-lo Santo em 2002, descreveu sobre o legado do frade italiano que serve de testemunho para as nossas dificuldades e dores que, se foram aceitas por amor, “se transformam em um caminho privilegiado de santidade”. Os devotos de São Pio se apressaram e uma semana antes das celebrações da festa litúrgica do santo já haviam garantido os 1.500 lugares disponíveis na igreja dedicada ao santo capuchinho em San Giovanni Rotondo para acompanhar tanto a tradicional Vigília de Oração, no dia 22, como as duas missas do dia 23. A presença dos devotos respeita as normas das autoridades sanitárias para evitar o contágio do coronavírus. Tanto a novena como as celebrações serão transmitidas pelo canal italiano Padre Pio TV e Rádio Padre Pio. Ao final do dia da festa litúrgica, além de uma bênção especial às crianças depois da celebração vespertina n

PAPA: Ser pobre em espírito é ser livre para amar

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5,3). A primeira das bem-aventuranças foi o tema da catequese do Papa Francisco no dia 5 de fevereiro 2020, na Sala Paulo VI. O Pontífice começou explicando o significado de “pobres”: aqui não se trata simplesmente de uma pobreza material, mas de ser pobres em espírito. O espírito, segundo a Bíblia, é o sopro da vida que Deus comunicou a Adão, é a dimensão mais íntima, a dimensão espiritual, a que nos torna pessoas humanas, o núcleo profundo do nosso ser. Portanto, os “pobres em espírito” são aqueles que são e se sentem pobres, mendicantes, no íntimo de seu ser. “Quantas vezes ouvimos o contrário! É preciso ser alguém, ser alguém… é disto que nasce a solidão e a infelicidade: se devo ser ‘alguém’, estou competindo com os outros e vivo na preocupação obsessiva pelo meu ego. Se não aceito ser pobre, sinto ódio por tudo aquilo que recorda a minha fragilidade”. Digerir os próprios limites O Santo Padre expl

Como viver o desprendimento e a Pobreza Cristã?

I. O EFETIVO DESPRENDIMENTO daquilo que somos e possuímos é necessário para seguirmos Jesus, para abrirmos a alma ao Senhor que passa e nos chama pelo nosso nome. Pelo contrário, o apego aos bens da terra fecha as portas a Cristo e fecha-nos as portas ao amor e ao entendimento daquilo que é o mais essencial na nossa vida: Qualquer um de vós que não renuncie a tudo o que possui não pode ser meu discípulo 1. O nascimento de Jesus, como toda a sua vida, é um convite para que examinemos nestes dias a atitude do nosso coração em relação aos bens da terra. O Senhor, Unigênito do Pai, Redentor do mundo, não nasce num palácio, mas numa gruta; não numa grande cidade, mas numa aldeia perdida, em Belém. Não teve um berço, mas uma manjedoura. A fuga precipitada para o Egito foi para a Sagrada Família a experiência do exílio numa terra estranha, com poucos meios de subsistência além dos braços acostumados ao trabalho de José. Durante a sua vida pública, Jesus passará fome 2 e não disporá de duas p

A incrível história da Beata Chiara Luce

  Chiara Luce nasceu em uma família simples. Filha de pais católicos praticantes, chamados Maria Teresa e Ruggero Badano.   Filha única, depois de 11 anos de tentativas para ter um filho. Sua chegada é considerada uma graça de Nossa Senhora das Pedras.   Foi educada nos ensinamentos de seus pais para se tornar uma cristã. “Mas percebemos logo que não era filha apenas nossa. Era, antes de tudo, filha de Deus e, como tal, a devíamos educar, respeitando a sua liberdade”, conta a sua mãe, Maria Teresa. Aos 9 anos entrou como Gen (Geração Nova) no  Movimento dos Focolares.  Viveu a sua espiritualidade e,  pouco a pouco, envolveu os pais . Desde então, a sua vida foi uma subida, tentando  “colocar a Deus em primeiro lugar”.  Prosseguiu os estudos até o Liceu clássico e ofereceu a Jesus as suas dificuldades e sofrimentos. Aos 13 anos, começou a fazer parte do Gen 3  da Ligúria e, pela sua coerência de vida, era por vezes muito criticada por amigas e até mesmo por sacerdotes.  Foi ridiculariza

Mês da Bíblia: Qual a origem da Sagrada Escritura?

A formação teológica do cristão, à luz da fé, edifica-se pelo conhecimento profundo da doutrina católica, que se fundamenta na revelação divina por meio da Sagrada Escritura. O estudo da Palavra de Deus nos permite participar intimamente do plano de salvação, compreender a história do povo de Deus e testemunhar a vida de Jesus Cristo. E é esse o caminho pelo qual os fiéis podem cultivar suas virtudes humanas e cristãs, por meio da leitura dedicada e da meditação íntima da Bíblia Sagrada. A origem da  Sagrada Escritura A Bíblia tem início pelo conjunto dos cinco livros que formam o Pentateuco, sendo eles: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deu teronômio. O conteúdo desses livros se apresenta logo nos seus títulos: Gênesis conta a  origem do mundo, do homem e do povo de Israel; Êxodo relata a saída dos israelitas do Egito; Levítico trata das leis sobre a santidade e o culto; Números traz uma lista das pessoas que deixaram o Egito e andaram pelo deserto; e Deuteronômio é a segunda lei da

"Fratelli tutti" - Nova Encíclica do Papa Francisco

"Fratelli tutti” é o título que o Papa estabeleceu para sua nova encíclica dedicada, como lemos no subtítulo, à "fraternidade" e à "amizade social". O título original em italiano permanecerá assim - portanto sem ser traduzido - em todos os idiomas em que o documento for distribuído. Como se sabe, as primeiras palavras da nova "carta circular" (este é o significado da palavra "encíclica") são inspiradas no grande santo de Assis cujo nome o Papa Francisco escolheu. Enquanto esperamos para conhecer o conteúdo desta mensagem, que o Sucessor de Pedro pretende dirigir a toda a humanidade e que assinará no próximo dia 3 de outubro no túmulo do santo, nos últimos dias assistimos a discussões com relação à única informação disponível, ou seja, o título e seu significado. Como é uma citação de São Francisco (encontrada nas Admoestações, 6, 1: FF 155), o Papa obviamente não a alterou. Mas seria absurdo pensar que o título, em sua formulação, contenha q

O martírio da verdade

  Não temos a pretensão de possuir a verdade, mas de sermos possuídos por ela Uma das notas mais características do Cristianismo é o fato de ser ele uma religião revelada, quer dizer, seu fundamento não se encontra simplesmente na busca pelo homem de uma relação com um ser que o transcenda, mas numa iniciativa do próprio Criador, que, em sua sabedoria e bondade, veio ao encontro do homem, revelando-se e comunicando-se a Si mesmo. É Deus, portanto, que em Cristo nos mostra plenamente qual o caminho para chegarmos a Ele. Jesus Cristo, o Verbo de Deus Encarnado, é o Caminho, a Verdade e a Vida, e ninguém vai ao Pai, senão por Ele.      Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com Nós cristãos não criamos uma religião à nossa medida, ao nosso gosto, mas de Deus mesmo recebemos o modo de nos unirmos a Ele. Talvez, se a tivéssemos criado, não teríamos “escolhido” uma redenção por meio da cruz, tampouco tantas verdades incômodas segundo os nossos padrões. Sim, como afirmou o escritor britânico C

Encantar-se com a verdade que liberta

É necessário olhar as dificuldades na raiz do problema Encantar-se com a verdade pode ser importante indicativo para a recondução da sociedade na direção do bem e da justiça. O conhecimento da verdade e sua prática confeccionam o tecido de uma cultura assentada na solidariedade e na competência de prezar os valores e respeitar, incondicionalmente, a dignidade de cada pessoa. Não basta a referência à verdade objetiva de fatos e acontecimentos tratada nos parâmetros da verdade jurídica. Embora seja esse curso indispensável para equilibrar os compassos intocáveis no funcionamento de uma sociedade, não tem a força preventiva e educativa necessária. É semelhante ao apagar o fogo de incêndios que surgem a todo momento e vão se agravando, em quantidade e intensidade. Assim, torna-se impraticável dominar as labaredas em curto prazo, sem atingir a base do fogo, a exemplo do que ocorre, na atualidade, com o sistema prisional, que exige reformas radicais. A verdade que liberta O processo de encan

O perigo das meias verdades

  À medida que cresce na mídia a tendência do “politicamente correto”, que, na versão católica do   Papa Bento XVI, pode-se traduzir como “ditadura do relativismo” ,  alguns católicos, líderes e, às vezes, pregadores parecem ter medo de assumir a verdade integral pregada pela Igreja.  Nota-se certo receio de “ir contra a corrente”, contra a vontade da maioria, esquecendo-se de que Jesus é “sinal de contradição”, e que por isso foi perseguido e crucificado, para não deixar de dar testemunho da verdade que salva. A verdade não depende da maioria, mas de si mesma. A verdade é fundamental; por isso o Papa tem sido seu paladino incansável. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que o que salva é a verdade: “Com efeito, ‘Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade’ (I Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. A salvação está na verdade” (CIC § 851). Sem a verdade não há salvação. Jesus disse diante de Pilatos que veio ao mund