O sacerdote canadense Brian Kolodiejchuk
acompanhou Madre Teresa durante 20 anos, foi o postulador de sua causa de
canonização e conheceu de perto a “noite escura” pela qual passou a querida
religiosa por quase 50 anos.
Em uma entrevista concedida ao semanário católica ‘Alfa y
Omega’, publicada em 2018, Pe. Kolodiejchuk explicou que “o sofrimento que
Madre Teresa experimentava nem as irmãs mais próximas conheciam, mas apenas
seus diretores espirituais. Na verdade, essa noite escura manifesta uma
particular união a Jesus. Alguns santos experimentaram algo parecido, como São
Paulo da Cruz, Santa Joana de Chantal ou Santa Teresinha do Menino Jesus, que passou
por esta noite escura durante 18 meses”.
Segundo afirma, esse tempo “é a preparação para uma purificação
que todos temos que passar. É uma preparação para a união por Jesus, que no
caso de Madre Teresa foi uma preparação apostólica, porque ela estava
experimentando o mesmo que aqueles aos quais serviria depois: que a maior
pobreza era o não se sentir amado, o estar sozinho” e assegura que “ela estava
tão unida a Jesus que Ele podia compartilhar com ela sua maior dor, a dor do
Getsêmani e da Cruz”.
Embora essa “noite escura” pudesse ser vista como um período de
“falta de fé”, para Pe. Kolodiejchuk, foi “uma fé heroica, porque consiste em
não poder experimentar a própria fé” e recorda que Madre Teresa escreveu em uma
carta: “Se há um inferno, deve ser isso”.
Segundo explica o sacerdote, Madre Teresa “tinha uma união tão
profunda com Jesus que era impossível viver sem uma oração forte. Ela rezava
cerca de cinco horas por dia, entre a adoração, a Missa, a leitura espiritual e outras ocasiões.
Rezava constantemente o terço e, com ele, meditava a vida de
Jesus de uma maneira simples”.
“Não era uma mística de tipo teológico ou doutrinal, mas era uma
especialista na ciência do amor”, assegura.
Além disso, Pe. Kolodiejchuk sublinhou que, embora em algumas
ocasiões fosse mais conhecido o trabalho social que as Missionárias da Caridade
faziam, “ela nunca escondia sua motivação: ‘fazemos por Jesus’, mas atraía da
mesma forma crentes e não crentes. Tinha uma eco especial além da Igreja”.
O sacerdote explicou que Madre Teresa entendia a pobreza não só
como algo material, mas como “o não se sentir amado, o sentir-se sozinho,
embora seja rico e tenha muito dinheiro”.
“Foi pioneira na atenção aos doentes de Aids,
quando todo o mundo estava aterrorizado no começo desta doença. Ela percebia
muito bem o rechaço desses enfermos por parte da sociedade e isso era o que a
atraía para servir-lhes e atendê-los”, indicou na entrevista a ‘Alfa y Omega’.
Ainda segundo o sacerdote canadense, “a Igreja e
o mundo são agora muito mais conscientes da presença dos pobres, de sua
dignidade e de sua importância. mas, advertia também de que é preciso ir a
Calcutá para encontrar os pobres, porque cada um pode encontra-los em sua
próprias famílias”.
Além de ser “Um santa venerável”, é também uma santa “imitável”,
porque, “na verdade, o que as missionárias e os missionários da Caridade fazem
são precisamente coisas pequenas, como visitar alguém doente em sua casa, por
exemplo. É algo que cada um de nós pode fazer, são coisas que estão dentro de
nossas possibilidades”.
Pe. Kolodiejchuk assegura que Madre Teresa tinha um caráter
forte e “talvez essa seja uma das razões pelas quais necessitava de tanta
purificação”, mas afirma que “tinha a graça de combinar o ser firme e exigente
com uma grande dose de compaixão e ternura pela debilidade humana”.
“Toda a escuridão que viveu lhe serviu para crescer em
humildade, porque, apesar de ser tão conhecida, todo esse êxito não lhe
afetava, pois ‘só quero ter Jesus e não o tenho’, como ela escreveu em suas
cartas”.
FONTE:
ACI DIGITAL
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