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A virtude da pobreza é CAMINHO DE PERFEIÇÃO

À diferença do que muitos poderiam pensar, a pobreza evangélica não é um chamado reservado apenas para uns poucos, como monges ou missionários, mas é para todos os cristãos. É um chamado a imitar Cristo, aquele que se fez pobre, se esvaziou, saindo do seio da Trindade e se fazendo homem como nós.
A pobreza evangélica não pretende ignorar a necessidade do homem de relacionar-se com os bens materiais, mas dá-lhes o devido lugar na vida humana: de meros instrumentos a meios para a nossa santificação e cuidado da criação. A pobreza não consiste em “não ter”, mas em ter sem apegar-se àquilo que se tem, sabendo que, com exceção de Deus, tudo passa.
"Tenho para mim que honras e dinheiros quase sempre andam juntos: quem deseja as honras não aborrece o dinheiro, e quem o aborrece, pouco se lhe dá das honras. Entenda-se isto bem, pois - segundo me parece - o desejo das honras anda sempre acompanhado de algum interesse de ter rendas e fortuna. Com efeito, raramente se honra no ' mundo quem é pobre; antes, pelo contrário, ainda que mereça ser honrado, é tido em baixa conta. A verdadeira pobreza traz consigo uma dignidade que se impõe a todos. Sim, a pobreza abraçada só por amor de Deus, não tem precisão de contentar a mais ninguém senão a Ele; e é coisa certíssima que, em não havendo necessidade, surgem logo muitos amigos. Tenho disto boa experiência.
Quanto se tem escrito sobre esta virtude! Como não o saberei entender, e ainda menos exprimir, nada mais direi dela, para a não agravar com meus louvores. Apenas referi o que tenho visto por experiência, e, confesso, fiquei tão embebida que até agora nem reparei no que estava escrevendo. Mas, enfim, está dito; e uma coisa vos peço por amor de Deus: já que as nossas armas são as da santa pobreza - a qual, no princípio da fundação de nossa Ordem, era tão estimada e praticada por nossos santos Padres, que, segundo me disse quem o sabe, não guardavam coisa alguma de um dia para o outro, - procuremos nós tê-la no coração, conquanto no exterior não haja tanta austeridade. Duas horas temos de vida; grandíssimo é o prêmio; e quando outro não houvera senão cumprir o que nos aconselhou o Senhor, grande paga seria o imitar em alguma coisa a Sua Majestade.
Estas armas hão de ter nossas bandeiras! De todos os modos queiramos ser pobres: na casa, nos vestidos, nas palavras e muito mais no pensamento, E,  enquanto isto fizerdes, não tenhais medo, com o favor de Deus, que haja decadência na religião desta casa, pois, como dizia S. Clara, grandes muros são os da pobreza. Com estes e com os da humildade queria ela cercar os seus mosteiros, segundo afirmava; e, com efeito, se verdadeiramente guardardes estas virtudes, ficará a honestidade, assim como tudo mais, muito melhor fortalecido do que mediante os mais suntuosos edifícios. Destes, rogo-vos, pelo amor de Deus e pelo seu Sangue, que fujais sempre; e, se em consciência o posso dizer, digo: tornem a cair no dia em que os fizerdes (a)!"

Santa Teresa D'Ávila, Caminho de perfeição, cap. II.

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