As estações da natureza nos ensinam a reconciliar, em nosso coração, o tempo dos mistérios que abraçam nossa fé. Advento é tempo da espera. Ainda não é Natal, mas antecipa-se a alegria dessa festa. Viver cada tempo litúrgico com o coração é um jeito nobre de não adiantar um tempo que ainda não chegou. Na sobriedade que este tempo litúrgico exige, vamos tecendo a colcha das alegrias do Cristo que vem ao nosso encontro.
Esperar é uma alegria antecipada
de algo que ainda não chegou. A mulher grávida vive na alma a felicidade
antecipada pela vida que, em seu ventre, vai sendo gerada no tempo que lhe
cabe. A natureza cumpre o ritual das estações para que cada tempo seja único.
Os casais apaixonados esperam o momento do encontro. As famílias organizam a
casa no cuidado da espera dos parentes que vão chegar. Esperar é uma metáfora
do cotidiano da vida. No contexto do Advento, a espera ganha tonalidades
alegres e sóbrias.
No Advento da vida
Casa mal arrumada não é adequada
para acolher os amigos e familiares que vão chegar. Jardim sujo não pode se
tornar um canteiro para novas sementes. Esperar é também tempo de cuidado e
organização. No tempo da espera, o tempo do cuidado na vida espiritual.
Chegando ao fim de mais um ano, muitos corações se encontram totalmente
bagunçados. Raivas armazenadas nos potes da prepotência, mágoas guardadas nas
gavetas do rancor, amizades sendo consumidas pelo micro-ondas da inveja,
tristezas crescendo no jardim da infelicidade, violência sendo gerada no
silêncio do coração.
Enquanto as lojas fazem o balanço
[de seu patrimônio], somos convidados a fazer o balanço de nossa situação
emocional. No balancete da vida, o amor deve sempre ser o saldo positivo que
nos impulsiona a sermos mais humanos a cada dia.
Casa mal arrumada não é local
adequado para receber quem nos visita. Coração bagunçado dificilmente tem
espaço para acolher quem chega. Neste tempo do Advento, a faxina da espera deve
remover as teias de aranha dos sentimentos que estacionaram em nossa alma. O pó
que asfixia o amor deve ser varrido. Tempo novo exige coração novo. Jesus, com
Seu amor sem limites, adentrava o coração de cada pessoa e fazia uma faxina de
amor; abria as janelas da vida, que impediam cada pessoa de ver a luz de um
novo tempo chegar; devolvia às flores, já secas pelas dores e tristezas, as
alegrias da ressurreição; semeava nos sertões sem vida as sementes do amor e da
paz.
No Advento da vida, as estações
do coração se tornam tempo propício para limpar os quartos da alma à espera do
Cristo que vem. Se o jardim do coração estiver sendo cuidado, as sementes da
esperança vão germinar no tempo que lhes cabe, e o Amor nascerá nas alegrias da
chegada.
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