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Dúvidas sobre a Confissão


Ninguém vai para o céu obrigado. Só vai quem quer, e demonstra que quer, esforçando-se por merecer, por mais indigno que seja.


1. Se Deus sabe tudo e sobre tudo, por que Ele quer que confessemos?

Porque Deus quer de nós um ato de vontade que demonstre que estamos realmente convencidos do nosso erro e arrependidos.
Quando se comete uma ofensa contra alguém (contra Deus inclusive), é preciso três coisas essenciais para obter o perdão, sem as quais o mesmo não é possível: Reconhecer o erro; Arrepender-se do erro; Pedir perdão por ter cometido o erro. Ou seja: O fato de Deus saber que nós erramos não quer dizer necessariamente que nós reconheçamos isto, nem se quer dizer que nos arrependemos.
Agora, se estamos realmente arrependidos, e amamos a Deus, é necessário pedir desculpas a Ele, para que Ele possa nos perdoar. E, é claro, se nós reconhecemos o nosso erro, estamos arrependidos, pedimos desculpas e fomos perdoados, devemos também desejar nunca mais cometer este ato que ofendeu a Deus. Isto significa que a confissão é o caminho mais perfeito para a conversão do coração.

2. Se Deus é bom, por que somos julgados?

Nós somos julgados porque Deus é bom. É bom porque é justo. E se é justo pode julgar.
Veja bem: Se alguém me prejudicou nesta vida, contraiu uma dívida para comigo. Ao final de sua vida terrestre, a sua alma se apresentará diante de Deus que, por amor a mim, cobrará desta pessoa o prejuízo que me causou.
“Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6). Deus toma como ofensa pessoal quando nós ofendemos aos outros “Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber…todas as vezes que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 42.45), e por amor aos ofendidos, ele irá cobrar de nós a justa reparação pelo nosso erro, que pode ser uma das duas: Humilhar-se e reconhecer que se é pecador, e que não tem condições de pagar esta dívida, e suplicar a Deus o perdão, ou endurecer-se e recusar a aceitar da mão de Deus o perdão (por orgulho).
Neste último caso, a alma escolhe por pagar a dívida por si mesmo – isto é a condenação, o inferno.

3. Uma pessoa que nunca se confessou porque não quis, quando morrer será perdoado e aceito por Deus?

Dificilmente. Não por falta de vontade da parte de Deus de nos perdoar, mas por falta de vontade por parte da alma de ser perdoada.
Compreenda: Se alguém passa a vida inteira com a firme intenção de não reconhecer os seus erros, ao final de sua vida, Deus respeita a sua decisão, e não obriga a alma a se confessar (afinal, uma confissão forçada não é sincera).
Ninguém vai para o céu obrigado. Só vai quem quer, e demonstra que quer, esforçando-se por merecer, por mais indigno que seja. Deus trata com mais benevolência alguém que tenha muitos pecados e se arrependa amargamente do que aquele que tem uns poucos, mas se recusa a reconhecê-los. “Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! … Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos em ti, existiria até hoje… Por isto haverá menor rigor para Sodoma do que para ti” (Mt 11, 21.23-24)

4. Porque devemos nos confessar se Deus nos ama?

Porque Deus nos ama. Não existe vida fora de Deus. O pecado consiste em um ato concreto e consciente de desamor a Deus.
Se persistirmos no pecado e nele morremos, significa que concluímos a nossa caminhada nesta terra em estado de separação em relação a Deus – separação causada por nosso ódio a Ele, e assim ficaremos separados dele por toda a eternidade, por escolha própria. Existe uma música popular que canta “… de escolha própria escolheu a solidão…”. E o personagem desta música viveu sempre, a vida toda, uma vida de ódio, e morreu assassinado num duelo onde matou outro homem. Uma pessoa assim não vai para o céu, pois não é lá que pôs o seu coração!
Deus nos ama, e apesar de nosso ódio em relação a ele, ele quer que nos arrependamos e peçamos Dele o seu perdão. E Ele está ansiosamente esperando para nos concedê-lo, e fica como que mortalmente magoado se não o fazemos. Mortalmente magoado, porque Jesus morreu na cruz para que tivéssemos a graça de receber de Deus o perdão dos nossos pecados, já que a dívida que tínhamos com Deus foi paga na cruz – Jesus foi condenado à morte por crimes que você cometeu.
A única maneira de merecer a salvação é desistindo do orgulho e aceitando esta condição de pobres pecadores. Pobres porque não temos em nós condições de pagar esta dívida.

5. Não matei, não roubei, não fiz mal a ninguém. Por que me confessar?

Existem dez mandamentos, e não apenas três. Devemos examinar as nossas consciências e as nossas memórias para verificar se os atos que cometemos são certos ou errados.
Por exemplo, você não gosta que falem mal de você pelas suas costas, portanto, você considera isso algo errado de se fazer. Se você tem feito isso, significa que faz algo que considera errado, e isto é pecado.
A lei de Deus está gravada no coração de todo homem, fazendo a nossa consciência detestar o pecado, ao menos quando são os outros que pecam contra nós, e amar o bem, ao menos quando são os outros que o fazem a nós.
Ora, se eu quero que não me façam o mal e que me façam o bem, é uma maldade muito grande e uma hipocrisia da minha parte querer que, no meu agir para com os outros, esta lei não valha (porque o outro espera exatamente o mesmo de você). Ou seja: O que causa o pecado é o egoísmo de querer que só os outros façam o bem para você e que não façam o mal, e o orgulho de não respeitá-los nos mesmos limites em que se exige o respeito.
Portanto: Se você examinar a sua vida com um pouco de sinceridade, será fácil perceber inúmeras imperfeições, atos diários de desamor que cometemos, pequenos orgulhos que geram pecados. E um amontoado de pequenos pecados pode ser mais grave do que um único pecado grave. Uma lixa é uma folha de papel com inúmeras pequenas imperfeições, mas faz um estrago muito maior do que uma folha que tenha uma única imperfeição maior bem ao seu centro.
Os pecados ditos “pequenos” acostumam e viciam a alma no pecado, levando ao amortecimento da consciência, que leva ao pecado grave.

6. Se a pessoa acha que não tem pecado, precisa confessar?

Se a pessoa acha que não está suja, precisa tomar banho? Se ela estiver realmente suja, claro que sim. E olha que é chato ter que conviver com uma pessoa que não toma banho (às vezes até cheira mal) e acha que não precisa de banho.
Se eu roubasse de você todo o seu salário e achasse que isso não é pecado, precisaria devolver, ou poderia ficar comigo? Quando são os outros que pecam contra nós, somos os primeiros a reclamar “injustiça!”. Quando somos nós que pecamos contra os outros, somos os últimos a declarar “culpado!”.
Quem “acha” se nós temos pecado ou não, é Deus e não nós mesmos. É ele que nos diz o que é certo e o que é errado. Se aos homens fosse dado o direito de decidir o que é certo e o que é errado, isto justificaria qualquer ato: Eu poderia matar a você por ter feito esta pergunta, e se achasse que isto não é pecado, Deus não me condenaria.
Ora, isto também significa que qualquer um teria o direito de matar, roubar, estuprar, enganar no troco e não precisaria pagar por isto, desde que achasse que não tem pecado. O mundo seria uma loucura (um inferno, para bem dizer). “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Mas se confessamos os nossos pecados, Deus aí está, fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda maldade” (I Jo 1,8-9).
Se examinarmos constantemente a nossa memória, e compararmos os nossos atos com a Lei de Deus, logo saberemos se temos pecado ou não. Agora, se amortecemos a nossa consciência e buscamos nos esquecer das maldades que cometemos, fazemos isto na esperança de que Deus também “esqueça” e acabe deixando a gente entrar no céu por engano. Pois engano maior é achar que Deus pode ser trapaceado.
Deus quer que você vá para o céu, mas as ofensas que foram cometidas por você devem ser remediadas, pela confissão e pelo perdão que ele quer dar, ou pela sua condenação eterna.

7. Porque devemos nos confessar com o padre e não com uma pessoa qualquer? Porque devemos nos confessar com o padre e não diretamente com Deus?

“Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]” (Jo 20,22-23).
A própria pergunta já responde: “… com o padre e não com uma pessoa qualquer?” Se você mesmo reconhece que o padre não é uma pessoa qualquer, então é por isso mesmo que devemos nos confessar com ele e não com uma pessoa qualquer.
Nós não podemos também nos confessar direto com Deus, porque ele ordenou aos apóstolos que ministrassem o perdão. Se Deus permitisse que nós, miseráveis pecadores nos aproximássemos dele, cheios de orgulho como somos, para exigir que nos perdoasse, ele olharia os nossos maus atos e nos rejeitaria.
Foi por isso que ele instituiu a Igreja, que é o corpo de Cristo. Se nós pedimos o perdão a Deus através da Igreja, Deus olhará não para nós, mas para a Igreja, pois é ela que pede a Deus em nosso nome. E Deus, olhando para a Igreja, verá nela o sacrifício de Cristo, que nos salva, e sentindo-se consolado por este sacrifício, concederá à Igreja o perdão destinado a nós, e ela, por conseguinte nos entrega este perdão que recebeu de Deus para nós.
É por isso que nós rezamos “… não olheis para os nossos pecados, mas para a fé que anima a vossa Igreja”. Se Deus olhasse para os nossos pecados, nos rejeitaria sempre. Se olha para a fé da Sua Igreja, nos perdoa sempre.
Não podemos nos confessar direto com Deus pois, se fizéssemos isto, estaríamos desprezando a Igreja a quem ele deu a capacidade de perdoar. Desprezando a Igreja, estamos desprezando o Corpo de Cristo sacrificado por nós. Desprezando o sacrifício que nos salva, não seremos salvos, e Deus, portanto não nos concede o perdão nestas condições.

8. A confissão é a única maneira de nos livrarmos de nossos pecados?

Sim. Somente Jesus pode perdoar os nossos pecados, pois somente ele, por ser infinitamente bom e justo, tem a capacidade de julgar-nos e dizer se temos pecados, para então perdoá-los.
E Jesus, quando apareceu pela primeira vez aos apóstolos após a sua ressurreição, disse-lhes de maneira clara e inequívoca: “A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio!” (Jo 20,21). Isto significa: Assim com o Pai enviou Jesus ao mundo para perdoar os homens, do mesmo modo Jesus enviou os apóstolos, com o mesmo poder de perdoar os pecados. Ou seja: Esta capacidade (de perdoar os pecados) é própria de Deus e foi dada somente aos apóstolos. E para deixar ainda mais claro, Jesus continuou: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados (por Deus), aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados (por Deus)” (Jo 20,22-23).
Preste muita atenção: Aqueles a quem os apóstolos não perdoarem os pecados, estes não serão perdoados! Portanto, não adianta confessar-se a Deus somente, ou a outro homem que não tenha recebido este poder diretamente das mãos de Jesus enquanto este ainda não havia subido ao Pai.
Mas os apóstolos já estão mortos há muito tempo! Quer dizer que não é mais possível obter o perdão dos pecados? Claro que é! Ainda é possível obter o perdão dos pecados, porque os apóstolos confiaram o seu ministério e o seu poder aos seus discípulos, através do Sacramento da Ordem – estes discípulos foram os primeiros Presbíteros (Padres) e Epíscopos (Bispos), conforme nos atesta a Bíblia (At 20, 28; 2Tim 1,6; Tito 1,5-9).
Isto significa que aquele poder único de Cristo de perdoar os pecados foi dado aos apóstolos e, através deles, aos padres e bispos que se mantiveram fiéis à tradição apostólica: A Igreja Católica Apostólica, que por causa disto é a única que oferece aos seus fiéis a possibilidade de obter de Deus o perdão através deste poder que lhe foi confiado.

9. A partir do momento em que me confesso estou livre dos pecados cometidos e confessados?

SIM! Que maravilha! Lembre-se do que Jesus disse à mulher que foi apanhada em adultério “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Ela respondeu: Ninguém, Senhor. Nem tampouco eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.” (Jo 8,10-11).
Deus esquece os nossos pecados, pois nos perdoou. Perdoar significa que ele não vai nos cobrar esta dívida nunca mais. Agora as consequências deste pecado permanecem: Se eu destruísse o seu carro, e depois me arrependesse e confessasse, eu seria perdoado, mas o seu carro continuará quebrado, exceto nas poucas vezes em que Deus, na sua bondade (para aumentar a nossa fé Nele), faz um milagre. Então, se não contarmos com a hipótese do milagre como a nossa única segurança, ainda será preciso que eu faça uma satisfação, ou compensação deste dano causado a você.
Se eu me recusar a reparar o dano que causei, quer dizer que na verdade não me arrependi. Por exemplo, se eu destruí o seu carro, tenho a obrigação de comprar um carro novo para você, para que a justiça se cumpra. Ou seja: Os seus pecados foram perdoados, e você está livre deles, mas não está livre das consequências do pecado, e deve desejar saná-las ao limite máximo possível para satisfazer a Justiça de Deus.
E olhe que estamos falando da justiça dos homens a respeito da perda de um carro! A justiça pela perda de um carro se paga com um carro. E qual será a compensação que a Justiça de Deus irá pedir pela perda de uma alma? É por isto que se faz penitência, para compensar a Justiça Divina pelos nossos pecados.
Por isso o verdadeiro perdão consiste em poder dizer: “Pai, no dia do juízo deste pobre coitado que me ofendeu, não quero que tu cobres dele as maldades que me fez, pois não quero ser eu o responsável pela condenação dele, pobrezinho! Se ele depender do perdão das faltas que ele cometeu contra mim para ir para o céu, por mim, pode ir!”

10. A penitência é obrigatória para ser perdoado?

Se os meus pecados já foram perdoados, porque fazer penitência?
Caso morramos sem ter expiado todos os nossos pecados perdoados, teremos ainda que sofrer a justa satisfação por eles, antes de ir para o céu.
“Ajusta-te com o teu adversário enquanto ainda caminhas com ele, para não acontecer que ele te entregue ao juiz, e o juiz ao carrasco, que te porá na prisão. Na verdade eu te digo: Não sairás de lá até ter pago o último centavo” (Mt 5, 25-26). Ou seja: A salvação já está garantida (você já foi perdoado), mas é preciso compensar o dano causado.
Esta satisfação é o impedimento por algum tempo da alma ser aceita na glória do Céu: Ficamos na “sala de espera”, até que tenhamos expiado os nossos pecados. Esta espera dói terrivelmente, pois a alma, já perdoada, anseia desesperadamente por Deus, mas é impedida pelos males que causou. Este sofrimento é para “pagar os pecados”, como o povo diz. Mas do preço do pecado, que é a morte, Jesus já nos dispensou na Ressurreição. Agora ainda assim devemos satisfazer a Justiça Divina pelos pecados que cometemos, pois aqueles que nós ofendemos esperam de Deus, e com razão, que sejamos punidos pelas maldades que lhes cometemos.
A este sofrimento chamamos “Purgatório”. Nós podemos sofrer cá na terra em lugar das que sofrem lá, ou pelo sofrimento aqui (doenças, jejuns, penitências) livrar-nos do sofrimento lá, pois Deus irá nos considerar já suficientemente punidos pelas nossas maldades. Agora se essa punição é voluntária e auto-imposta, então ela tem muito mais valor, e assim um pequeno sofrimento auto-imposto nos livra de grandes sofrimentos que seriam nos impostos de cima e dos quais não poderíamos nos queixar, pois procedem de Deus Justo.
Podemos também oferecer a nossa penitência pelos pecadores, sofrendo na nossa carne o que eles deveriam sofrer para pagar os seus pecados. Isto é muito bom diante dos olhos de Deus, pois é um dos maiores atos de misericórdia: Sofrer pela salvação dos outros.
A Igreja tem o poder de nos liberar do peso desta obrigação de satisfazer à Justiça Divina: “Tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu” (Mt 16,19), através das Indulgências.
Uma maneira ótima de fazer penitência é oferecer esmolas (na forma de dinheiro ou comida), ou cometer qualquer bondade de maneira deliberada, buscando com essa bondade consolar a Deus pelas ofensas anteriormente cometidas.

11. Deve-se ter uma ação após a penitência para uma boa confissão (além da oração)?

Sim. É preciso fazer o firme propósito de nunca mais pecar, ou ao menos de nunca mais recair neste erro em especial que foi perdoado.
Os atos de misericórdia (dar esmolas, visitar os doentes e presos, consolar os aflitos, dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, abrigar os sem-teto, etc…). São atos que agradam à Justiça Divina, “descontando” o preço das nossas faltas.
A Igreja, pelo poder que recebeu de “ligar e desligar”, tem o poder de nos livrar destas penas. Para isto, exige um esforço da parte do fiel. Esta liberação da necessidade de satisfação das culpas perdoadas é chamada de Indulgência (que quer dizer: “indulto, livrar-se de uma pena, da prisão”). Estas indulgências podem parciais ou plenárias.
A indulgência plenária é a indulgência sobre toda e qualquer pena dos pecados perdoados. A Igreja utiliza o seu poder de conceder Indulgências para incentivar a prática de certas virtudes. Por exemplo: A leitura da Bíblia, especialmente os Evangelhos é com certeza a maneira mais correta de buscar conhecimento sobre o amor de Deus por nós. Por isto a Igreja concede uma Indulgência plenária por ano às pessoas que lerem ao menos um trecho do Evangelho todos os dias, rezando antes uma oração pedindo o dom do entendimento e depois uma agradecendo e beijando com devoção o Livro Sagrado.
Também são concedidas indulgências para várias orações, em especial a do Terço, se recitadas diariamente e com as devidas disposições (estar livre de pecado mortal e comungar com frequência). A via-sacra é a maneira mais eficaz e correta de buscar uma indulgência plenária, pois medita os Evangelhos, oferece a Deus o sacrifício de Cristo e extingue em nós o desejo pelo pecado.
A “Oração a Jesus Crucificado” que está no fim deste artigo, se rezada após a comunhão também tem uma indulgência associada se for rezada com devoção contemplando o crucifixo.
Para ganhar qualquer indulgência é necessário comungar no mesmo dia e rezar ao menos um Pai-Nosso pelo Santo Padre.

12. É correto “colecionar indulgências”?

Depende do que você quer dizer com “colecionar”. A busca das Indulgências é válida e correta se feita com a reta intenção de satisfazer a Deus pelos nossos pecados.
Não é uma coisa mágica ou mecânica, do tipo “pá-pum”. Por isto, mesmo que estejamos livres de pecados mortais, e tenhamos feito a penitência necessária, devemos sempre buscar desagravar a Deus pelas maldades, senão nossas, ao menos dos nossos irmãos. E para isto a Eucaristia e a missa é de longe o mais perfeito, sublime e admirável meio de satisfazer a Deus, pois Nela o próprio Jesus oferece ao Pai o seu sacrifício na cruz pelas nossas intenções e pela expiação dos nossos pecados.

13. E se eu me confessar e cometer o mesmo pecado?

O importante é ter o firme propósito de que foi a última vez! Confesse de novo. Isto pode ser ainda mais duro e difícil que da primeira vez e dá muita vergonha. Mas, “se você tem vergonha de contar, devia ter vergonha de fazer”.
Nós, por sermos pecadores, temos hábitos que nos conduzem a situações onde é muito difícil não pecar. Para não pecar mais, devemos muitas vezes desistir de coisas que não são pecados em si, mas que nos conduzem ao pecado. Por exemplo, São João Bosco (Dom Bosco) era muito bom músico e pessoa muito divertida e alegre. Por isto se ia à uma festa, facilmente caía no pecado do orgulho, devido às suas habilidades naturais. Não há nada de pecado em ir às festas, mas Dom Bosco desistiu de ir a muitas delas por medo de pecar pelo orgulho e assim ofender a Deus.
Por exemplo: Se um rapaz, no caminho da escola, passa sempre por uma quitanda e se sente tentado a roubar uma fruta toda a vez que passa por lá, e não consegue controlar este impulso, deveria trocar de caminho, para que não aconteça de você ceder à tentação. “Somos homens, não anjos”: Isto significa que para nós é mais fácil pecar do que não pecar.

14. Quando pecamos e nos arrependemos e tentamos cada vez mais estar perto de Deus temos chance de ir para o céu?

Sim! Nós vamos para o céu não porque nós somos bons, mas porque Deus é bom. A condição para irmos para o céu é buscar nunca mais ofender a Deus.
E se essa intenção é sincera no nosso coração, isto significa que devemos nos arrepender e confessar os pecados que ainda não confessamos, e fazer um esforço de nunca mais pecar. Deus nos concedeu o exemplo de muitos homens que de uma vida de pecado (e às vezes de grande pecado!) se converteram em homens Santos: São Paulo (que perseguia os cristãos e os entregava à morte: Atos dos Apóstolos, capítulo 9), Santo Agostinho (que era herege e adúltero), Santo Inácio (que era um orgulhoso oficial do exército e só se converteu porque quebrou uma perna e não pode mais servir), a prostituta que Jesus perdoou (Lc 7,36-50), e muitos outros que vivem na nossa época e que às vezes nem ficamos sabendo.
O exemplo destes homens e mulheres que abandonaram a vida passada de pecado, e se tornaram santos, nos convida a fazermos o mesmo, mas sem nos esquecermos de que, mesmo que nos tornemos santos nos nossos atos (deixemos de pecar), continuamos a ser de natureza pecadora, ou seja: Para nós é mais fácil fazer o mal do que o bem (mesmo para o santo). Por isto, quando uma pessoa faz um esforço sincero de evitar todo pecado, Deus confirma este esforço através da Graça Santificante que é um dom de Deus para que a pessoa possa não pecar. Ou seja: O santo não peca, por graça de Deus, principalmente, e pelo esforço de não pecar.
Se isto lhe serve de exemplo e consolo, saiba que o pobre autor destas linhas também era muito pecador, e que era quase ateu. Por este fiapo de fé, Deus lhe puxou, como se fisga a um peixe, e o resgatou de volta para a sua Igreja, que hoje ele defende.
E se fez isto comigo, que sou um pobre pecador, é porque quis mostrar a você que ele está disposto a nos converter e está disposto a converter você também. E se ele fez isso comigo que sou tão pouca coisa, o que então não fará por você que sou mais que eu?

15. Qual a melhor preparação para uma boa confissão?

Quais são as orações a serem feitas na confissão? É obrigatório rezá-las?
É a Oração suplicante, pedindo a graça de se arrepender, a oração do arrependimento, rejeitando o pecado, e o exame de consciência.
Existem roteiros prontos para se preparar para a confissão. Estes “roteiros” geralmente são inventados por alguém que os usa com frequência (porque se confessa com frequência) e que afinal ensina para que os outros possam tirar dele o mesmo proveito. Neste roteiro não pode faltar o ato de contrição: “Meu Deus, porque sois Bom e Digno de ser amado, me dói de todo o coração de vos ter ofendido, me proponho a nunca mais pecar e peço que me ajudes a mudar de vida e viver para só te agradar”.
A oração da via-sacra e do terço (em especial os mistérios dolorosos) são excelentes para esta preparação. Também os salmos penitenciais (Sl 31, Sl 37, Sl 41, Sl 50, Sl 129) são belíssimos poemas de amor e de arrependimento, onde a alma que ama a Deus se transborda em uma súplica pelo perdão. Estes salmos são especialmente belos para aqueles que estão com o espírito quebrantado, se sentindo sujos, imperfeitos, pecadores, fracos. Assim, é possível compreender o amor de Deus, confiar nele e amá-lo a ponto de ir ao encontro Dele e pedir o seu perdão. Você também pode pedir ao Sacerdote que o oriente para melhor confessar, ou pedir que lhe ajude a fazer o seu exame de consciência.
Se você quer fazer uma boa confissão, ao menos recite ou leia os dez mandamentos, faça um exame de consciência baseado neles e reze o ato de contrição. Isso basta.
Entretanto, se você está há muito tempo sem se confessar, ou se confessou poucas vezes na vida, pegue uma folha de papel e escreva tudo de ruim que pode lembrar de si mesmo. Se tiver vergonha de falar, entregue a folha direto para o sacerdote, ele irá aceitá-la. Depois da confissão, queime, ou rasgue em mil pedacinhos a folha, e tenha a certeza de que Deus aceitou o seu sacrifício e te perdoou.

16. Quando a gente não se concentra bem na confissão, a gente faz certo?

Claro que não. Se um motorista não se concentra na direção, pode matar a si mesmo e a muita gente.
Do mesmo modo, você deveria se confessar pelo menos com tanta atenção quanto um motorista utiliza para dirigir o seu veículo. Isto se considerasse apenas o respeito humano. Entretanto, na Confissão, estamos em diálogo com Deus, e fazê-lo de maneira relaxada não seria respeitoso, ainda mais que você deseja obter Dele um favor que você não merece.
Quando alguém está falando com você, você gosta que esta pessoa esteja concentrada no que faz e que olhe nos seus olhos. Por isto, aceite um bom conselho: Quando for se confessar, lembre-se de que você está falando com Deus e olhe “nos olhos” de Deus. Você pode “olhar nos olhos de Deus” olhando nos olhos o seu confessor, ou mesmo de olhos fechados. Olhar nos olhos de Deus é não desviar-se dele, não perdê-Lo de vista, não se esquecer Dele enquanto se confessa. Tem gente que vai à missa, e dentro da própria missa se esquece até que Deus existe. Olhe para o Seu rosto. E o rosto de Deus é o Ser, a Beleza, a Bondade, e a Verdade, e o Amor. E lembre-se: Ele te ama.

17. Para confessar é preciso fazer algo ou é só chegar e falar os pecados?

A confissão é um sacramento, e para recebê-lo existe um rito próprio, e uma necessária preparação.
Portanto é preciso ter feito anteriormente um exame de consciência e uma oração de arrependimento que deve ser sincero.
Ao chegar ao confessionário saúde o sacerdote: “Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo!”, e faça o sinal da cruz ao chegar e ao sair. É bom começar dizendo há quanto tempo você confessou pela última vez, e como anda a sua frequência na missa. Depois, é só “falar os pecados”, mas lembre-se: Jesus te ama! E é a própria pessoa de Jesus Cristo quem te ouve, e Ele te ama! E é por causa deste amor que Ele irá perdoá-lo, quando o sacerdote lhe der a absolvição. Também é preciso fazer a penitência necessária à reparação do erro que cometemos.
O local correto para a confissão é o confessionário, mas em outras situações a confissão pode assumir a forma de uma conversa bem franca — mas nunca virar “bate-papo” e nem seção de psicanálise!
A confissão é um sacramento, uma coisa sagrada e deve ser acolhido em um clima de respeito à santidade de Cristo que desce dos Céus até a nossa miséria só para te perdoar.

18. O padre é obrigado a ouvir a confissão e a dar a absolvição para todo mundo?

Não, muito pelo contrário. O sacramento é uma coisa santa, e deve ser ministrado com muita prudência.
Quando alguém sempre repete o mesmo pecado grave, (como o adultério), ou vive em estado de pecado permanente (as pessoas que vivem “ajuntadas”, sem serem casadas na igreja), só são admitidas no sacramento da reconciliação se “dessa vez for pra valer”. Ou seja: Se a pessoa está decidia a mudar de vida. O sacerdote pode também suspender a absolvição conforme a gravidade do erro, ou pedir uma justa reparação antes de lhe dar a absolvição (devolver objetos roubados, desmentir uma calúnia, etc.).
Entretanto, a Igreja ordena aos Sacerdotes que ministrem o Sacramento da Reconciliação cada vez que os fiéis o pedirem de forma conveniente – isto não significa que o padre é “obrigado” a ouvir a sua confissão. Procure informar-se sobre o horário próprio em que o seu pároco ouve confissões. Em casos urgentes, é claro, não tenha medo de apelar ao Sacerdote, mesmo fora de hora, mas sempre com a devida humildade.

19. Porque não se pode confessar antes de fazer um caminho de preparação para a 1ª comunhão? 

Porque a confissão é um sacramento, assim como a comunhão e é preciso fazer uma preparação para recebê-lo. Antigamente só se aceitava adultos à confissão e à comunhão, mas conforme os séculos foram passando, a humanidade foi ficando mais dura de coração, e se deixar hoje em dia uma pessoa sem confissão e sem comunhão até a idade adulta, quando ela chegar lá já está perdida.

20. Porque devemos nos confessar para receber a 1ª comunhão e a Crisma?

Porque os sacramentos são santos e Deus, que concede o sacramento é Santo. Por isto os sacramentos devem ser recebidos em “estado de graça” (sem pecados).
Se eu não estiver em estado de graça, não posso receber a graça. Os sacramentos não são uma coisa “automática”, que Deus é “obrigado” a conceder mesmo a contragosto, porque você cumpriu o rito bonitinho. Pela nossa fé, nós sabemos que Deus confirma no céu o sacramento que é dado na terra, pois foi assim que ele garantiu à igreja (e somente à igreja): “Tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu” (Mt 16,19). Mas, para isto é preciso haver as condições necessárias. Qualquer sacramento – A Eucaristia, o Crisma, o Matrimônio – só são válidos para Deus se a pessoa que recebe o sacramento o fez com “reta intenção” – ou seja: Sem falsidade no coração.

21. Porque devemos nos confessar para receber a hóstia?

Porque a hóstia é Santa, é o próprio corpo de Cristo que recebemos, e devemos “tomar um bom banho” por dentro antes de Jesus entrar em nós. É como nós dizemos na missa: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada”. Jesus já faz um ato de humildade infinita descendo dos Céus para entrar em comunhão conosco, seria humilhá-Lo de uma maneira muito grave se não nos preparássemos para recebê-Lo. Entrar em comunhão com Jesus na hóstia é participar totalmente de Cristo – “eu em Ti e Tu em mim”, e que comunhão há entre Deus e o pecado? Nenhuma! Por isto, para que possamos comungar, é preciso que estejamos sem pecado. E isto só é possível pela graça de Deus, pela confissão.

22. Se nos confessamos e mentimos para o padre e ele nos absolver, o que acontece conosco?

Vamos para o inferno. Se você vai mentir para o padre, para que se confessar? É óbvio que Deus não vai perdoar “por engano” o pecado “X” se você diz que fez “Y”, portanto você sabe muito bem que não vai ser perdoado.
Se não é para ser perdoado, para que confessar? Para ofender a Deus. Agora essa ofensa pode ser perdoada se você confessar que mentiu na confissão.
Existem, é claro, situações vergonhosas, ou embaraçosas, ou você pode esconder detalhes mais precisos para tentar diminuir a sua culpa, mas para que, se afinal Deus estava lá e viu tudo mesmo?
Jesus te ama! Nele você pode confiar! Dê essa chance a Ele! Confia no amor de Jesus, e não tenha medo de lhe esconder nada! Ele te ama e quer que você vá para o Céu. Agora não vá pensar que tem gente que entrou no céu porque mentiu na confissão…

23. Porque é necessária a confissão?

A confissão é necessária porque é o único meio deixado por Jesus Cristo para o perdão dos pecados.
Antes de Jesus subir aos Céus, concedeu aos apóstolos a mesma missão Dele:”A paz esteja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu vos envio!” (Jo 20,21). Ora, como poderiam os apóstolos cumprir a mesma missão de Jesus, sem o Poder que havia em Jesus para cumprir esta missão?
E o Poder que havia em Jesus é o Espírito Santo, e este Espírito Santo, Jesus concedeu aos apóstolos de uma maneira diferente do que concedeu aos outros discípulos: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]” (Jo 20,22-23).
Preste muita atenção: Aqueles a quem os apóstolos não perdoarem os pecados, estes não serão perdoados! Portanto, não adianta confessar-se a Deus somente, ou a outro homem que não seja um apóstolo de Cristo.
Mas os apóstolos já morreram! E agora? Antes de morrer, eles também concederam adiante esta graça do Espírito Santo – assim surgiram os Bispos e Sacerdotes.
Portanto, a confissão é o meio que Jesus deixou para que os nossos pecados fossem perdoados aqui na terra! E se Deus quisesse dar chance para nos perdoar depois da nossa morte, por que motivo iria querer nos perdoar também “aqui embaixo”?

24. Quando devemos nos confessar?

De quanto em quanto tempo devemos nos confessar?
Quando temos pecado grave, a confissão é obrigatória e urgente. Pessoas com pecado grave (aborto, adultério, estupro, assassinato, ódio mortal) não vão para o céu mesmo.
Mas não podemos julgar os outros (Só Deus sabe se o fulano foi pro céu ou não). Uma coisa é certa: Deus quer que cada homem se salve. Quando os nossos pecados não são “graves” (o pecado em si é uma coisa já bastante grave), o que a gente chama de “pecado leve”, devemos confessar conforme a consciência nos acusa.
O correto é ter sempre a consciência limpa (e, é claro, ter o desejo de nunca mais pecar). A confissão é obrigatória uma vez por ano, e é recomendável antes de receber os sacramentos.
A confissão mensal é um costume muito santo, e que produz muitos frutos. Muitos movimentos da igreja, e algumas novenas pedem a confissão mensal. Se você está interessado em encontrar uma conversão mais profunda, talvez possa buscar um destes movimentos ou oferecer uma novena Eucarística, com confissão e missa (como a das 9 primeiras sextas-feiras em honra ao Sagrado Coração de Jesus).
Agora, muita atenção: Confissão é Sacramento, é sagrado! Não pode virar uma coisa mecânica, tipo “puxa-que-chato-amanhã-é-dia-de-confessar”, pois assim perderia a sinceridade.
Entretanto, pode-se dizer com certeza, que quanto mais santa é uma pessoa, com mais frequência ela se confessa e que ninguém, que se confessa pouco, possa sonhar em ser santo um dia, a menos que passe a se confessar com mais frequência. E quanto mais santos nos tornamos, mais nos sentimos pecadores.

25. Porque muitas pessoas ao se divorciar se desligam da religião e não procuram se confessar?

Para ser sincero, eu não sei. Muitas pessoas não crêem mais na misericórdia de Deus, muitas pessoas pensam que Deus é uma coisa abstrata.
Muitas pessoas não acreditam que a Igreja é santa e que foi fundada por Deus. Algumas pessoas não sabiam que podiam se confessar, ou tinham muita vergonha. Eu, por mim, prefiro morrer de vergonha a ir para o inferno, onde a vergonha é eterna.
A confissão muda o rumo que toma a nossa vida e a maneira mais certa de ganhar o céu é confessar-se e comungar sempre. Se um dia o divórcio parecer uma saída para você, ou para alguém próximo de você, procure o sacerdote, para reencontrar a Cristo na confissão. A vida a dois sem perdão é uma tortura cruel, com o perdão é um paraíso de delícias!
O casal recém casado se dá bem porque nunca se ofenderam gravemente. E o casal que se confessa com frequência, vive sempre como se fosse recém casado, pois depois da confissão bem feita, é como se nunca tivessem se ofendido em toda a sua vida.

26. E se a pessoa for muito idosa [ou muito doente] e não puder ir se confessar?

No caso das pessoas que não podem sair de casa, família pode (e deve) pedir ao sacerdote que venha fazer uma visita. No caso de doença, especialmente se é grave, é uma obrigação da família pedir o sacramento da cura, que é a unção dos enfermos.
Muita gente pensa que a unção dos enfermos é só pra quem vai morrer, ou que apressa ou provoca a morte. A verdade é exatamente o contrário: “alguém entre vós está enfermo? Chame os sacerdotes, e estes orem por ele e ungindo-o com óleo. A oração da fé salvará o doente, e será curado. Se tiver pecados, serão perdoados. Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serem curados” (Tg 5,14-15).
Se a pessoa não puder mais falar, mas ainda estiver consciente, a confissão por questionário é válida. O sacerdote pergunta “tens esse tipo de pecado? E aquele? Etc.” e a pessoa responder que sim ou que não com a cabeça ou qualquer outro sinal. Em casos gravíssimos ou urgentíssimos, o sacerdote pode apenas perguntar: lembra-te dos teus pecados. Te arrependes de todos eles? (Sim). Renegas aos teus pecados? (Sim). Renegas a Satanás? (Sim). Renegas a suas tentações e suas pompas? (Sim). Etc. Havendo sinceridade, a absolvição é válida.

27. A confissão comunitária tem a mesma validade que a confissão individual?

“A confissão individual e integral seguida da absolvição continua sendo único o modo ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se um impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão” (Catecismo, §1484).
“Em casos de necessidade grave, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode apresentar-se quando há um perigo iminente de morte sem que os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. também quando, tendo-se em vista o número de penitentes, não há confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável. Neste caso os fiéis devem ter, para a validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente os seus pecados no devido tempo. Um grande concurso de fiéis por ocasião de grandes festas ou peregrinações*, não constitui caso de tal necessidade grave” (Catecismo, §1483).

28. O que é pecado grave?

O que é pecado mortal?
O que é pecado contra o Espírito Santo?
“Morrer em pecado mortal sem ter se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, pela nossa própria opção livre. E é este estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra inferno.” (Catecismo, §1033)
O pecado em si já é uma coisa grave, na sua condição de ofensa ao bom Deus. O pecado grave é a mesma coisa que pecado mortal (aquele que conduz à morte).
O pecado mortal é um pecado cometido com plena consciência (a pessoa sabe que é errado), pleno consentimento (sabendo que é errado, quer fazer assim mesmo), e que envolva matéria grave.
O que é “matéria grave”? São as ofensas que contrariam de maneira direta os mandamentos. Por exemplo: Vamos tomar o maior de todos: “Amarás a Deus acima de todas as coisas”. Ir a centro espírita, umbanda, macumba, cartomante, etc., oferecer flor para Iemanjá, ofende diretamente este mandamento, ou seja: Envolve matéria grave. Estes pecados se tornam mais graves à medida que a pessoa sabe que isso é errado e faz assim mesmo, ou seja: É um ato de maldade deliberada.
O aborto é o pecado de assassinato em sua forma mais grave, pois é um assassinato premeditado, contra uma vítima indefesa, inocente e que é o próprio filho, e provoca a excomunhão imediata decorrente do próprio ato.
O sexo sem o matrimônio ou fora do matrimônio são pecados graves. O ódio mortal e o assassinato são pecados mortais, e a Bíblia diz que “quem odeia o seu irmão é assassino” (1Jo 3,15).
Os pecados contra o Espírito Santo não têm perdão (pois é o Espírito Santo que opera o perdão), e se a pessoa morre com estes pecados, com certeza vai para o inferno. Eles são: Desesperação da salvação (“eu não vou pro céu, Deus não me quer lá.”), presunção de se salvar sem merecimento (“Eu já estou salvo!.”), negar a verdade conhecida como tal, ter inveja dos dons que Deus concede a outros, obstinação do pecado e impenitência final.

29. A partir de quando a comunidade católica começou a se confessar (desde os primeiros tempos, ou com a tradição)?

Desde a fundação da Igreja. João Batista foi o sinal que anunciou como seriam os novos tempos: As pessoas, espontaneamente, vinham a ele e pediam o perdão pelos seus pecados e João os batizava como sinal desta conversão do coração.
Na tarde do domingo da Ressurreição, Jesus deu aos apóstolos, e só a eles, o poder de perdoar. E quem não fosse perdoado pelos apóstolos, não seria perdoado: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados [por Deus], aqueles a quem não perdoardes os pecados, não serão perdoados [por Deus]” (Jo 20,22-23) e “Tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu” (Mt 16,19).
Antes de receber o batismo, a pessoa devia se confessar comumente em voz alta. Depois da confissão, passavam um tempo em penitências, e só então que recebiam o perdão dos pecados no sacramento do batismo. Voltar a pecar depois de batizado era considerada uma coisa grave, gravíssima! Um batizado, pecando! Que escândalo! Se um batizado cometesse pecados graves e se confessasse e pecasse de novo, era afastado da Igreja (excomungado), até que se arrependesse de verdade, e fosse reintegrado.
Assim, nós sabemos que as primeiras comunidades cristãs pediam aos apóstolos o perdão dos pecados. Mas como seria possível ao apóstolo conceder o perdão sem saber se a pessoa está arrependida? Então, era preciso ao apóstolo saber o que foi que a pessoa fez, e verificar se ela estava arrependida.
A maneira que se usava de saber se a pessoa estava arrependida era de pedir à pessoa que, voluntariamente, se fizesse passar por uma humilhação pública, como os “castigos” que se dá nos jogos infantis. Se o apóstolo, percebendo a humilhação autoimposta da pessoa, via que o seu arrependimento era sincero, concedia a absolvição.
Depois que os apóstolos morreram, seus sucessores legitimamente ordenados continuaram este serviço. Entretanto a forma de ministrar o perdão foi amenizando com o passar dos tempos. A confissão, de pública, passou a ser secreta, e a penitência, que durava meses ou anos e era humilhante, passou a ser feita na forma de esmolas aos pobres ou orações.

30. O que é excomunhão?

“Não vos enganeis: Nem os impuros, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os devassos, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os assaltantes hão de possuir o reino de Deus!” (1Cor 6,9s).
Quando a pessoa comete um pecado muito grave, a própria natureza deste ato demonstra que ela é uma pessoa “excomungada”, isto é – sem comunhão nenhuma com Deus.
O aborto, a heresia, o abandono consciente da fé, o abandono da Igreja para fundar novas seitas, provoca a excomunhão decorrente do próprio ato, ou seja: A própria pessoa, por vontade própria, através de um ato radical contra Deus, se separa dele.
A Igreja pune com a excomunhão estas pessoas para conscientizá-las da gravidade do ato que cometeram, e possam assim se arrepender.
A excomunhão não é uma “maldade” que a Igreja faz contra a pessoa, pois pessoas que cometeram atos de maldade dessa gravidade não podem comungar, pois a Hóstia é Santa! Permitir que essas pessoas comunguem com Jesus é cometer um sacrilégio, é colocar uma hóstia pura e santa num lugar sujo e pecador.
Por isso, as pessoas com esses pecados gravíssimos, como matar um bebê na barriga da mãe, ou que vivem em estado de pecado permanente, como os hereges, ou os casais “ajuntados”, e pessoas com pecados que a Igreja aponta serem graves o suficiente para merecer a excomunhão, devem se dirigir ao Sacerdote para isto autorizado, ou ao Bispo, para se confessar e serem reintegrados na Igreja, desde que reneguem e abandonem o estado em que se encontravam.

31. Mas e se o padre revelar o segredo da confissão?

O próprio fato de se perguntar isso revela o respeito que as pessoas têm pela confissão, até mesmo entre os que se dizem ateus. Pois, se a confissão fosse desimportante, essa questão do segredo não teria razão de ser. Mas, se a confissão é legítima, então o segredo passa a ser uma obrigação! A confissão é uma questão de fé. Só se confessa, ou só deveria se confessar, quem tem fé em Deus e na Igreja. Ter fé na Igreja significa crer que a Igreja é a depositária legítima da Revelação que Deus dirigiu ao mundo. Quem crê que a Igreja recebeu de Deus a Revelação, a autoridade de Jesus e que é ela que realiza a salvação, confia nessa Igreja. Ninguém se preocupa se um médico que trata de doenças sexualmente transmissíveis poderia talvez revelar os nomes das pessoas que vêm se consultar com ele, pois confiam nesse médico. Ninguém se preocupa se o advogado poderia revelar os segredos do cliente para o adversário no tribunal, pois confia no advogado. E não se ouve falar de nenhum caso de médico ou advogado que tenha revelado os segredos de seus clientes. Jesus veio ao mundo como médico e advogado, para nos curar dos nossos pecados e nos defender no julgamento final. Ele nos cura e nos defende justamente pelo Sacramento da Reconciliação. “Salvação” significa “Perdão dos pecados”! A Igreja ministra a salvação ao mundo através do Sacramento da Reconciliação! Quem não participa desse sacramento também não tem parte na Salvação que Jesus Cristo operou.
Por isso, não tenha medo! Quando você vai se confessar, quem está ali ouvindo você na pessoa do Sacerdote é o próprio Jesus! Quem te dá o perdão é o próprio Jesus! É justamente por isso que esse perdão tem valor.

32. Jejum Eucarístico

Com relação à Eucaristia gostaria de saber qual o tempo que se deve ter de jejum antes e depois da Santa Comunhão. Gostaria também de saber se coisas como balas ou chicletes quebram o jejum.
Resposta
Para receber a S. Eucaristia se requer uma hora de jejum anterior à Santa Comunhão. Excetuam-se água e remédios, sempre permitidos. Ver cânon 919, parágrafo 1º do Código de Direito Canônico.
Depois da Santa Missa, na qual alguém comungou, recomenda-se a essa pessoa que faça sua Ação de Graças, rezando em particular por uns dez minutos.

Fonte: Comunidade Shalom

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