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Por que Jesus morreu na casa dos trinta?

Por que Cristo morreu com trinta e poucos anos, e não mais velho? Isso daria a Ele mais tempo para ensinar e estabelecer a Igreja. Santo Tomás de Aquino respondeu a essa questão da seguinte maneira:

Deve-se dizer que Cristo quis sofrer em idade jovem por três razões. Primeiro, para que nisto manifestasse mais sua caridade, pois deu sua vida por nós quando estava no estado mais perfeito. Segundo, porque não convinha que nele aparecesse <nenhuma> deficiência [diminutio] de natureza, como tampouco doença, como acima foi dito. Terceiro, para que, morrendo e ressuscitando em idade jovem, Cristo mostrasse em si mesmo, por antecipação, a qualidade dos que hão de ressuscitar. Daí que se diga em Ef 4, 13: “Até que cheguemos todos juntos à unidade na fé e no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura de Cristo em sua plenitude” (STh III 46, 9 ad 4).

Especulações como essas parecem puramente arbitrárias. Outros consideram o raciocínio uma justificação post hoc: Cristo morreu aos 33 anos, então vamos inventar algo para tentar explicá-lo.
O raciocínio de S. Tomás, porém, não se baseia em meras especulações. Há premissas para o seu raciocínio.

Primeiro, está a premissa de que Deus não faz nada arbitrariamente, e fazemos bem em admitir que até mesmo detalhes aparentemente menores nas Escrituras (como, por exemplo, a hora do dia) têm algo a nos ensinar.

  Outra premissa é baseada na natureza da perfeição. A perfeição pode ser prejudicada por excesso ou insuficiência. Considere o caso da idade: um jovem pode não ter maturidade física e intelectual (nesse caso, a juventude é uma “insuficiência” de idade); mas chega um momento em que a idade se torna problemática em outra direção, à medida que o tempo afeta o corpo, e a mente torna-se menos perspicaz (nesse caso, a velhice é um “excesso” de idade). Assim, há um período de tempo em que a idade está na faixa “perfeita”: não é prejudicada nem por excesso nem por insuficiência.

Na época de S. Tomás, os trinta anos eram considerados a época da perfeição. Pode-se dizer que ainda é assim, embora pareça que levamos muito mais tempo para atingir a maturidade intelectual e emocional nos dias de hoje.

S. Tomás observa que, porque Jesus morreu no auge da vida, o sacrifício foi maior. Sua aparente falta de doenças e imperfeições físicas também aumentou a dimensão de seu sacrifício. Isso nos serve de exemplo. Devemos oferecer a Deus em sacrifício aquilo que temos de melhor, não apenas os nossos trapos ou coisas das quais poderíamos dizer: “Isso serve”. O Senhor uma vez lamentou, por meio do profeta Malaquias:

Se ofereceis em sacrifício um animal cego, não haverá mal algum nisto? E, se trazeis um animal coxo e doente, não vedes mal algum nisto? Vai, pois, oferecê-lo ao teu governador; crês que lhe agradarias, que ele receberia bem? — diz o Senhor dos exércitos (Ml 1, 8).


Portanto, o que para alguns pode parecer um simples detalhe (a idade de Jesus), na verdade proporciona ensinamentos importantes para a alma perspicaz. Cristo deu tudo de si, o melhor — e o fez quando estava no auge da vida. Nós também somos chamados a crescer em perfeição.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

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